Jornal da Ciência, SBPC
Detentos e funcionários do presídio do Serrotão poderão estudar com professores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). 88% da população carcerária do Brasil não tem ensino básico completo
Enquanto boa parte das cadeias no Brasil não têm sequer salas de aula de ensino básico, a Penitenciária do Serrotão, em Campina Grande, na Paraíba, vai dar um "passo a frente".
No dia 20 deste mês, será oficialmente inaugurado o Campus Universitário Avançado do Serrotão, graças a uma parceria da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Conforme O GLOBO informou, numa série de reportagens publicadas em junho, 40% das 1410 unidades penais do Brasil não têm infraestrutura para dar aulas. A população carcerária do país passa de 533 mil detentos, sendo que 88% dos presos não tem ensino básico completo. Mesmo assim, apenas 10% dos detentos frequentam aulas dentro dos seus presídios.
Hoje, o Brasil tem 127 detentos cursando o ensino superior. A maioria deles faz faculdade a distância ou tem autorização especial para frequentar a universidade fora da prisão. Mas há casos de faculdades que funcionam dentro de penitenciárias. O Intituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa, em Fortaleza, no Ceará, conta com uma graduação em Filosofia, oferecida pela Faculdade Católica do Ceará.
Dos mais de 500 detentos do presídio do Serrotão, apenas 13 têm o ensino médio completo. Por isso, de início será implatado o curso "Gestão Penitenciária e Direitos Humanos", destinado a agentes penitenciários que atuam na unidade prisional. Paralelamente, será ministrado um curso preparatório para o exame supletivo e, também, uma oficina de leituras.
O campus tem oito salas de aula e um auditório. O projeto inclui um
escritório modelo, no qual estudantes de Direito revisarão os processos dos detentos, auxiliando o setor jurídico da penitenciária. "Isso evita que apenados passem mais tempo na prisão, além do prazo estipulado pela Justiça", explica secretário de Administração Penitenciária da Paraíba, Wallber Virgolino.
De acordo com ele, o campus avançado na unidade penal em Campina Grande é um incentivo à ressocialização. "Se a educação é a base de tudo, ela será também a da reinserção social das pessoas que se encontram privadas de liberdade", observa o secretário, em texto divulgado pela secretaria.
(O Globo)
Muito bom!
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