CUT não apoia greve dos servidores federais, mas pressiona Dilma
Em reunião com ministro, novo presidente da central, que representa a maior parte dos servidores, exige que governo federal lance proposta de aumento salarial
Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Após se reunir com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, o novo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, deixou o Palácio do Planalto nessa quinta-feira, 19, dizendo que não apoia a greve geral dos servidores públicos federais.
Ele defendeu a necessidade de o governo apresentar proposta aos trabalhadores para "destravar" as negociações. "Nós achamos que não se sai do impasse se as posições se radicalizarem", declarou ele, em entrevista, após pedir "tolerância" por parte do governo. Embora não apoie a greve geral, Freitas disse que não aceita a tese de que não há como conceder reajustes agora, como tem insistido o governo em dizer. Ele acha que nem a crise internacional justifica a posição do governo. "A crise que está aí não foi criada pelos trabalhadores e ela não pode ser usada como desculpa para não conceder reajustes aos servidores que, em muitas carreiras, não tiveram recuperação nem da inflação", afirmou Freitas, que insistiu na necessidade de o governo apresentar uma proposta. "O governo tem de apresentar a sua proposta. Sem negociação, não há como sair da crise", ressaltou.
Vagner Freitas criticou ainda a posição do governo, que anunciou o corte de pagamento de salário dos grevistas. "Existem medidas que não ajudam no processo de construir saídas, como o corte de ponto e a pressão sobre dirigentes sindicais, ainda mais em um processo de negociação em um governo democrático e popular que construímos no Brasil", desabafou.
Ele pregou ainda que o governo e representantes do movimento se sentem à mesa pra negociar e achar solução conjunta. Freitas acha que se o governo apresentou uma proposta para os professores tem de apresentar para as demais categorias.
Ele lembrou que a CUT é a central que mais reúne representantes do serviço público federal, e que, por isso mesmo, estava se oferecendo para intermediar as negociações. "A CUT é a que tem a maior parte dos servidores a ela filiados, tem a responsabilidade de vir pedir que o diálogo seja aberto para que se saia deste impasse", declarou .
Apesar da pressão dos servidores públicos federais, que permanecem acampados na Esplanada dos Ministérios e ameaçavam invadir ministérios, a presidente Dilma Rousseff não pretende atender às reivindicações dos grevistas. Ao contrário, Dilma tem reiterado que não há como atender a nenhum tipo de pleito por causa da crise internacional e os reflexos dela no País, com desaceleração da economia. Da mesma forma, a decisão de cortar o ponto dos grevistas já está tomada e não há intenção por parte do governo de revertê-la.
A presidente tem reiterado ainda que o momento é de tentar preservar os empregos em outros setores da economia e uma das formas de fazer isso é garantindo a continuidade dos investimentos.
Estado de São Paulo
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