Afinidades ideológicas |
Eron Bezerra
Muitos dizem que no Brasil os partidos políticos não passam de aglomerados disformes, sem nitidez programática ou ideológica. Isso é a aparência, fruto de observação apressada, superficial e/ ou da conveniência ideológica.
Na essência, apesar do curto período de prática democrática, os partidos cada vez mais vão assumindo conformação ideológica e, quanto mais disputas ocorrerem, mais nitidez política haverá.
Muitos dizem que no Brasil os partidos políticos não passam de aglomerados disformes, sem nitidez programática ou ideológica. Isso é a aparência, fruto de observação apressada, superficial e/ ou da conveniência ideológica.
Na essência, apesar do curto período de prática democrática, os partidos cada vez mais vão assumindo conformação ideológica e, quanto mais disputas ocorrerem, mais nitidez política haverá.
A rigor, do ponto de vista ideológico e da prática política, os partidos estão agrupados no espectro de esquerda (PCdoB, PT, PSB, PDT, PSOL, PCB e PSTU), de direita (DEM, PSDB) e de centro (PMDB, PSD, PV, PPS, PP, PTB), com seus respectivos subgrupos. E as legendas em formação, cuja nitidez programática e principalmente de prática política ainda não está claramente definida. Assim, do ponto de vista eleitoral, o centro e esse grupo em formação oscilam entre os dois grupos principais de acordo com a conformação do controle político institucional conjuntural.
Um balanço, mesmo que superficial, das coligações que acabam de ser firmadas no Brasil e no Amazonas em particular reflete plenamente essa lógica, sugerindo que cada vez mais as disputas eleitorais se darão por afinidade programática e não por arranjos meramente locais.
Não há, salvo exceções, nenhuma chapa de capital na qual figure um prefeito (a) de um partido do espectro da esquerda tendo como vice alguém de um partido do espectro da direita. Tampouco há o vice versa, reforçando a tendência geral de conformação ideológica, programática, embora nem sempre esses partidos consigam celebrar coligações unitárias de seu campo no 1º turno das capitais, o que deverá naturalmente convergir num eventual 2º turno.
Assim, crescentemente, a disputa se dará entre dois projetos distintos.
De um lado as forças progressistas que, a partir da vitória de Lula em 2002, interromperam a trajetória neoliberal que a direita, sob o comando do PSDB de FHC, vinha impondo ao país. Lutarão para levar adiante a política de valorização permanente do salário mínimo, de habitação popular, de concurso público e valorização salarial dos servidores, de ampliação do ensino superior e técnico, da criação de políticas sociais de proteção aos mais pobres, da oferta abundante de recursos para o crédito e o financiamento da agricultura familiar, de investimentos na infraestrutura, na geração de emprego e crescimento econômico.
Do outro lado as forças de direita, defensoras da política neoliberal e responsáveis direta pela crise que hoje se abate na Europa. No Brasil sua aplicação foi caracterizada por grandes escândalos de corrupção (socorro fraudulento aos banqueiros, privatizações criminosas – privatarias – compra de votos para a reeleição de FHC e o mensalão mineiro de Eduardo Azeredo, dentre outros), sem esquecer o desmonte do estado nacional, a repressão aos movimentos sociais, a precarizacao dos serviços públicos e o quase fechamento da Zona Franca de Manaus.
O Brasil, respeitado os limites de sua jovem democracia, tem demonstrado que busca sua afirmação progressista, evidenciado nas sucessivas vitórias de Lula e Dilma Rousseff, contra os candidatos tucanos. Manaus não é diferente. Tem tradição de voto progressista e nessas eleições seus eleitores terão seu trabalho extremamente simplificado, na medida em que nunca esteve tão evidente a composição das chapas que disputarão a prefeitura de Manaus.
Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário