quarta-feira, 16 de outubro de 2013

MST cobra: Ricardo prometeu desapropriações na Paraíba.



MST realiza marcha e ocupa Incra da capital

Jaine Alves, Francisco França

Após percorrer 50 quilômetros a pé sob sol intenso, cerca de 2.500 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) chegaram na manhã de ontem a João Pessoa para reivindicar desapropriação de terras aos governos federal e estadual. Eles saíram do assentamento Wanderley Caixe, em Caaporã, localizada na divisa da Paraíba com Pernambuco, e enfrentaram cerca de oito horas de caminhada na rodovia.

Na capital, os manifestantes seguiram em direção ao Palácio do Governo, para solicitar audiência com Ricardo Coutinho, mas não foram atendidos. Esse encontro ainda será agendado. Em seguida, os integrantes do MST ocuparam as instalações do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e participaram de uma reunião com representantes do órgão. No entanto, não houve acordo e uma nova audiência vai acontecer hoje, às 15 h, no Incra.

Além do Incra, o MST solicitou uma audiência com o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho. Segundo uma das coordenadoras do Movimento Sem Terra, Miriam Silva, Coutinho prometeu fazer desapropriações na Paraíba. “Ele disse que iria desapropriar as terras que não pudessem ser desapropriadas pelo Incra. Mas ainda não fez isso. Estamos tentando marcar uma audiência com o governo, para que ele cumpra esse compromisso que tem com a gente”, declarou.

A previsão é que os manifestantes só desocupem as instalações do Incra na próxima sexta-feira, caso a audiência com o governador seja realizada. “Só vamos embora quando falarmos com Ricardo Coutinho. Enquanto isso, iremos ficar no Incra”, assegurou Miriam.

No Incra, as cerca de 2.500 pessoas, sendo 20 crianças, dormiram ao chão, sobre colchonetes e lençóis trazidos na viagem. A alimentação também foi improvisada, como explicou Miriam Silva, uma das coordenadoras do movimento. “Cada família trouxe sua comida e seus utensílios. As crianças vieram dentro de um ônibus, mas os adultos vieram mesmo a pé”, afirmou.

ENGARRAFAMENTO

Apesar de pacífico, o protesto causou engarrafamento em alguns pontos da cidade. Agentes da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob), que foram acionados para disciplinar o trânsito, estimaram um congestionamento de até dois quilômetros em alguns trechos.

Os integrantes do MST realizaram a marcha para pedir que o governo do Estado efetive o convênio com o Incra e contribua para a desapropriação de terras para a reforma agrária, já que de acordo com a coordenação do movimento, são 4.500 famílias sem terra acampadas no Estado.

Eles também pediam pela desapropriação de 9 mil hectares da Usina Maravilha, pelo fim da violência no campo e punição dos policiais militares pernambucanos que ficaram presos em um acampamento no último dia cinco deste mês, por volta das 17h, quando invadiram o local. Os manifestantes distribuíram panfletos e declaravam palavras de ordem. (Colaborou Nathielle Ferreira)

TRAJETO

De acordo com uma das coordenadoras do protesto, Neide da Silva, cerca de 400 famílias vivem no acampamento Nova Esperança e quase 1.600 no acampamento Wanderley Caixe, ambas no município de Caaporã, entre os dois estados, às margens da rodovia federal BR-101, de onde saíram às 6h30 da última segunda-feira. Ela contou que ao chegar a noite, os integrantes do MST montaram acampamento em uma escola no município do Conde, no Litoral Sul da Paraíba, e novamente às 6h30 de ontem saíram em marcha.
Depois de duas horas de caminhada, os manifestantes chegaram a João Pessoa, ocupando uma das faixas da BR 101, sentido Recife/João Pessoa, já na altura do bairro Distrito Industrial, onde a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ajudou a monitorar o tráfego, e seguiram por Oitizeiro e avenida Cruz das Armas, onde fizeram uma parada na praça Bela Vista. Depois, continuaram a marcha pela Vasco da Gama, em direção à praça dos Três Poderes, no Centro da cidade. Em seguida, partiram para o Incra, no bairro dos Estados.

AÇÕES APÓS ASSENTAMENTO

O Incra informou, através da assessoria de comunicação, que entre as ações promovidas pelo instituto, desde o surgimento do acampamento no último mês de julho, estão o cadastramento das famílias candidatas ao Programa Nacional de Reforma Agrária, distribuição de cestas de alimentos, através do Programa Fome Zero do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), destinado a famílias em situação de vulnerabilidade nutricional e distribuição de rolos de lona para minimizar os transtornos das famílias que aguardam o processo de assentamento.

Além disso, a assessoria disse que o Incra está fazendo o levantamento da cadeia dominial dos imóveis reivindicados pelas famílias acampadas e a realização de estudo preliminar para verificar a viabilidade técnica da desapropriação dos imóveis pleiteados.

No último dia dez, vários integrantes do MST interditaram as duas vias da rodovia federal BR 101 Norte, na divisa entre os Estados da Paraíba e Pernambuco, durante outro protesto.

Jornal da Paraíba

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