sábado, 4 de janeiro de 2014

A Régua do Tempo Não Me Mede Mais



a régua do tempo não me mede mais
andei tantas léguas
nadei tantas águas
e deixei pra trás a casa de meus pais
e depois a minha própria casa



ah, azar
meu lar são minhas asas
meu ninho é o vento que há no céu
e o céu tão infinito
meu canto o grito da galáxia

a faca do tempo não me corta mais
o tempo mesmo não importa
a porta que eu abro agora é portal
nem virtuoso nem virtual
é só e intransferivelmente vital
o tempo são gotas de mim pingando no quintal

as águas do tempo não me molham mais
e os olhos do tempo não me choram
as lágrimas do tempo são o leite do caminho
a poeira do tempo mel de dedo nos dedos dos pés
anéis de saturno pra adoçar o céu da boca

não tenho medo do tempo
rego sua flor
desmedida flor sem tamanho
sou sua flor e seu jardineiro
logo será de novo um novo janeiro
mas a régua do tempo não me mede mais

Francisco Cesar Goncalves.

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