Famílias em área de risco
Priscylla Meira
Cerca de 20 famílias que moram na Comunidade do Timbó, em João Pessoa, devem ser relocadas para outras residências nos próximos dias, por causa do risco de deslizamento da barreira que margeia a área. A vulnerabilidade provocada pela ação das chuvas que caíram na Capital paraibana nos últimos dias fez com que a Defesa Civil do Município se deslocasse até a comunidade e recomendasse a transferência das famílias, que resistem para deixar as casas, localizadas em área considerada de risco.
“O risco de deslizamentos da barreira é cada vez mais iminente e estas famílias precisam ser relocadas, mas o grande problema que enfrentamos é a resistência destas pessoas, que não querem deixar suas casas, mesmo sendo avisadas sobre o risco de acontecer algum desastre provocado pela ação das chuvas”, informou o coordenador da Defesa Civil de João Pessoa, Noé Estrela.
As 20 famílias que precisam ser relocadas estão cadastradas na Prefeitura Municipal de João Pessoa para receberem moradia num conjunto habitacional que está sendo construído na Comunidade do Timbó, longe da barreira, mas as obras, que estavam sendo executadas num ritmo lento há mais de dois anos, chegou a ficar paralisada nos últimos 50 dias.
Enquanto as novas residências não são entregues, as famílias que forem transferidas recebem um auxílio-aluguel da Prefeitura Municipal de João Pessoa, no valor de R$ 200, mas a ajuda não vem animando muito os moradores da área. A dona de casa Maria Eunice Gomes, 50, vem encontrando dificuldade para alugar imóvel com valor inferior a R$ 200 e disse que ainda não decidiu se vai deixar sua casa, localizada ao lado da barreira, após o aviso da Defesa Civil.
“A gente sabe que é arriscado permanecer nessa área, mas o auxílio que a Prefeitura oferece mal dá para pagar o aluguel de um imóvel em outra área. Há mais de dois anos esperamos as casas que estão sendo construídas, mas não sabemos sequer quando vamos nos mudar. Além disso, nenhum morador saiu daqui no ano passado e não sabemos se vamos sair este ano”, disse Maria Eunice.
O porteiro Luiz Palma, 39, têm cinco filhos e também não pretende deixar sua casa à margem da barreira. “Eu não posso tirar oito pessoas que moram aqui e levar para qualquer lugar. Nós sabemos que a barreira oferece risco, mas aqui meus filhos têm conforto e eu não teria como alugar uma casa com R$ 200 para tirá-los daqui”, disse.
O coordenador da Defesa Civil ressaltou que o órgão vem monitorando todas as áreas de risco de João Pessoa e assumindo o compromisso de transferir as famílias que estão em situação vulnerável por causa da ação das chuvas. “Nosso trabalho é, além de monitorar, educar e conscientizar a população sobre os riscos de um deslizamento de barreira, mas sempre encontramos resistência dos moradores, que, apesar do perigo que correm, não querem deixar suas casas. No caso do Timbó, essas famílias precisam ser transferidas até a próxima semana”, reforçou Noé Estrela.
O Norte
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