O universo pós-jornais, a internet e os 'futuríveis'
Em debate no Conexões Globais 2.0, o músico, compositor e ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, citou sua música "Futuríveis para falar da importância da ideia na concretização da ideia de um mundo futuro e possível. Um mundo que nasce a partir de um novo formato de ativismo, cada vez mais ligado à internet e com participação popular intensa. Para Gil, a internet é hoje uma ferramenta fundamental para os movimentos sociais.
Ane Nunes e Ivan Trindade
Porto Alegre - A partir da expressão cunhada por Gilberto Gil, músico, compositor e ex-Ministro da Cultura, durante o debate sobre a participação popular na transferência da informação na Primavera Árabe é possível traçar um paralelo, e muitas convergências, sobre a importância da participação popular na nova forma de se comunicar, o universo pós-jornais, mencionado pelo jornalista Antônio Martins no mesmo debate do Conexões Globais 2.0, evento integrante do Forum Social Temático, nesta quarta-feira (25), na Travessa dos Cataventos na Casa de Cultura Mário Quintana.
O ex-ministro da Cultura, que referiu sua música “Futuríveis”, comentou a importância da internet na ideia de um mundo futuro e possível. Um mundo que, independentemente do salto semântico ou do jogo de palavras, igualmente citado por Gil, desperta a partir de um novo formato de ativismo contemporâneo, cada vez mais ligado à internet e que conta com a participação popular intensa. Gil defendeu também que a internet é uma ferramenta fundamental para os movimentos sociais e que qualquer generalização compromete a manutenção da democracia.
A web conferência proferida pela jornalista Olga Rodriguez, especialista em Oriente Médio, que iniciou o debate destacou a importância das ferramentas de divulgação digital na difusão das informações sobre os protestos no mundo árabe, não apenas da forma clássica de receber informação, texto seguido ou não de imagem, mas principalmente através de ferramentas exclusivamente visuais, como o You Tube, que possibilitaram a divulgação maciça dos protestos que compuseram a “Primavera Árabe”, tornando a cobertura dos protestos livre das barreiras lingüísticas ou culturais.
A discussão citou também tópicos recentes como os projetos SOPA (Stop Online Piracy Act) e PIPA (Protect IP Act), propostos pelo legislativo norte-americano, que visam atacar o compartilhamento de arquivos e de informações pela internet. Depois de vigorosos protestos, tanto de usuários como de empresas da web (entre elas o gigante Google), diversos parlamentares americanos retiraram seu apoio aos dois projetos, que agora estão em um espécie de geladeira política em Washington.
Além desses, a série de movimentos antagônicos ou não que se juntam quase que diariamente à massa de informações que tomam vida no ambiente virtual, foram apontados como parte da preocupação recente da nova geração de usuários/fomentadores de informação.
Da mesma forma, o diálogo tangeu questões como poder e democracia na metáfora proposta por Vinicius Wu, Coordenador do Gabinete Digital do Governo do Rio Grande do Sul. Para Wu, a democracia é uma gaiola rígida que acomoda o poder, sendo esse gaseificado. Se por um lado a democracia é sedentária o poder é nômade. Essas características criam as condições para que se mantenha o atual modo de organização mundial, uma vez que tanto as instituições governamentais quanto o voto dependem da existência do lugar, do espaço físico, colaborando no sedentarismo democrático, defendeu Wu.
Carta Maior
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