Cézar Munõz
Pesquisador sênior da ONG de direitos humanos Human Rights Watch, especialista em condições prisionais e em abusos policiais
“Toda pessoa tem direitos fundamentais, sejam presos ou policiais, e as organizações de direitos humanos devem defender todos eles. Algumas pessoas têm aplaudido a morte de presos. Essa visão é profundamente equivocada.
'Organização também denuncia vulnerabilidade dos policiais, precárias condições de trabalho e códigos disciplinares que violam direitos'
Obviamente, o assassinato de um detento é uma violação do direito mais básico, o direito à vida, e uma falha do Estado, que tem a obrigação de proteger todas as pessoas sob sua custódia. Mas esse apoio a mortes de pessoas presas também é uma visão que ignora o que os massacres realmente significam: são uma demonstração do poder das facções criminosas e da negligência dos sucessivos governos, de esquerda e de direita, de manter o controle dentro das prisões.
O poder das facções é uma ameaça direta à vida da nossa polícia. Por exemplo, traficantes mataram em 2014 a policial militar Alda Castilho, de 27 anos, no Rio de Janeiro. A mãe dela me disse que “sua morte foi em vão”. Ela lutava por receber a pensão do Estado pela morte da filha. A Human Rights Watch tem denunciado a vulnerabilidade dos policiais militares no Brasil, as precárias condições de trabalho, e os códigos disciplinares que violam direitos fundamentais.”
Nexo
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