quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Por que fizemos opção pelos pobres (e eles pelo neopentecostalismo)?


Frei Betto


Há quem diga que a Igreja Católica optou pelos pobres e os pobres, pelas Igrejas evangélicas. Isso tem certa dose de verdade se considerarmos os índices que demonstram que, nos últimos anos, houve diminuição do número de católicos no Brasil e aumento de protestantes (adeptos das Igrejas históricas) e evangélicos (adeptos das Igrejas pentecostais e neopentecostais).

   

No censo de 2000, 73,6% da população era formada por católicos, e apenas 15,4% de protestantes e evangélicos. No censo de 2010, os católicos representavam 64,6% e os protestantes e evangélicos, 22,2%. Em dez anos, o número de protestantes e evangélicos no país aumentou 61,45%. Hoje eles são 42,3 milhões. Em 1970, eram 4,8 milhões (5,2% da população). Estima-se que, a cada ano, são abertos, no Brasil, 14 mil novos templos evangélicos.

        

Os evangélicos se dividem em Igrejas protestantes tradicionais ou históricas (luterana, presbiteriana, batista, anglicana, metodista etc.); pentecostais (Assembleia de Deus, Presbiteriana Renovada etc.); e neopentecostais (Universal do Reino de Deus, Sara Nossa Terra, Internacional da Graça de Deus etc.). A maioria dos neopentecostais se encontra nas periferias das cidades, e 63,7% recebem por mês no máximo um salário mínimo. Daí o interesse pela Teologia da Prosperidade, que propõe uma ética que transforma em valor religioso a ascensão social dentro da mobilidade urbana.


Pedagogias apostólicas

 
Enquanto a pregação católica centra-se no dogmatismo (no que se deve crer), a neopentecostal está focada no pragmatismo (o caráter utilitário da fé para se alcançar benefícios, desde emprego até a cura de doenças). Daí o lema adotado pela principal Igreja neopentecostal, a Universal do Reino de Deus – “Pare de sofrer”. É uma pregação muito colada na autoajuda.


      
A que se deve tal fenômeno? Há várias hipóteses. Uma delas é explicada pela coincidência entre a urbanização brasileira, na virada dos séculos XIX para o XX, e a disseminação de Igrejas evangélicas. O êxodo rural, a urbanização desordenada, a quebra de vínculos familiares tradicionais, o inchamento das periferias e a massificação dos meios de comunicação são fatores que estão na origem da explosão evangélica.

      

Mais recentemente, há que considerar os 34 anos de pontificados conservadores de João Paulo II e Bento XVI, que inibiram, na esfera católica, a Igreja dos Pobres, às vezes duramente reprimida, bem como o seu fundamento teórico, a Teologia da Libertação. No entanto, jamais foram condenados.

      

Católicos das periferias urbanas e rurais que não se sentiam mais acolhidos em Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e pastorais populares trataram de migrar para os espaços evangélicos. E o fizeram por duas razões básicas: a ânsia de encontrar possíveis soluções para seus problemas crônicos (enfermidades, desemprego, carência de identidade nos grandes centros metropolitanos etc.), e o mal-estar quando chamados a frequentar os templos católicos, predominantemente ocupados pela classe média, e nos quais reina o clericalismo.

      

As Igrejas evangélicas adotam um modelo pastoral já qualificado de “canibal”. Instaladas em antigas salas de cinema ou garagens, elas abrem, diretamente nas calçadas, sua bocarra faminta de fiéis... Para tais Igrejas, o espaço físico religioso não exige necessariamente construção de templos. Qualquer sala ou galpão pode ser transformado em local de culto. E muitos templos mantêm as suas portas abertas 24 horas por dia, o que é impensável em se tratando de templos católicos. Ao se chegar em certos templos evangélicos em plena madrugada é possível ser recebido por um obreiro que dedica especial atenção ao fiel em potencial. Em uma paróquia católica não é fácil ser atendido por um sacerdote, ainda que no período vespertino.



        
Nos cultos evangélicos há participação de fiéis. Adota-se uma espiritualidade “personalizada”, predestinadora, sem dimensão social. O que fascina é o Deus da misericórdia que cura, conforta, perdoa, ajuda a obter emprego, traz prosperidade e une a família. Deus que liberta o fiel dos vícios, do adultério, do pecado, enfim, das garras do diabo... Espiritualidade que penetra fundo no coração e no bolso do fiel... Nesse mundo de perdição, a Igreja desponta como uma ilha de salvação individual, na qual cada fiel se sente um eleito do Senhor. E se demonstra vocação para a música, seja o canto, seja o domínio de um instrumento musical, o fiel é valorizado pela comunidade religiosa.



         
Já na Igreja Católica, muitos entraves dificultam a adesão dos mais pobres. Reina o clericalismo, quase tudo é centrado na figura patriarcal do sacerdote e as mulheres participam como meras figurantes. Não há mulheres diaconisas nem sacerdotes, quanto mais revestidas de caráter episcopal.

       

As liturgias católicas são asfixiadas pelas rubricas canônicas que entravam a improvisação, a dança, a participação dos fiéis, os rituais de bênçãos e curas. Nossos fiéis não passam necessariamente por escolas bíblicas e nem têm o hábito de ler e meditar as sagradas escrituras. Quase toda a aproximação com a Bíblia se resume em leituras litúrgicas seguidas de sermões que raramente fazem exegese do texto e, quando o fazem, ela não está ao alcance do nível cultural dos fiéis.

       

Os templos e capelas católicos não contam com obreiros ou agentes pastorais que, a qualquer hora do dia ou da noite, estão dispostos a atender quem os procura e preparados para acolher o bêbado, a mulher agredida pelo marido, o desempregado tomado pelo desespero, o endividado submerso na angústia, a moça aflita pela gravidez inesperada e indesejada...

      

E por vezes utilizamos uma linguagem demasiadamente politizada ou meramente moralista, sem corresponder à fome de sacralidade do fiel, de mística, de sentir-se acolhido pela misericórdia de Deus e pela Igreja como família ou comunidade religiosa.



Conservadorismo


Desde que os evangélicos despontaram no Brasil, em fins do século XIX, se caracterizaram por uma postura conservadora impulsionada pela leitura fundamentalista da Bíblia e pelo puritanismo. Basta conferir o alinhamento da maioria das Igrejas protestantes e evangélicas à ditadura militar (1964-1985), embora alguns de seus fiéis figurem como mártires e confessores da resistência democrática, como os irmãos Paulo e Jaime Wright, e os pastores Jether Ramalho e Anivaldo Padilha.


     
Embora haja, hoje em dia, segmentos evangélicos abertos ao ecumenismo e, inclusive, à Teologia da Libertação, o que ainda predomina é o conservadorismo teológico e político. Nesse início de século XXI, o alvo do fundamentalismo evangélico são as políticas de direitos humanos e gênero.


       
Há que destacar o avanço das Igrejas evangélicas no uso dos meios de comunicação, criando figuras midiáticas de forte apelo popular, como Silas Malafaia, R. R. Soares e Edir Macedo. A compra da Rede Record, TV aberta, em 1989, pela Igreja Universal, causa um forte impacto na formação da opinião pública nacional. E o mercado fonográfico “gospel” gera a maior arrecadação da indústria musical brasileira, em torno de R$ 500 milhões por ano. E o editorial, R$ 483 milhões por ano.

        

Já a Igreja Católica lida com a mídia sem o devido profissionalismo, sobretudo na esfera imagética, como TV e internet. O máximo de audiência obtida pelos católicos se restringe ao sucesso dos padres cantores, como Marcelo Rossi, Fábio de Melo, Reginaldo Manzotti e outros.

     

É preciso também destacar os segmentos evangélicos progressistas, como a Renas (Rede Evangélica Nacional de Ação Social), criada no Rio em 2006, e que congrega fiéis das Igrejas Batista, Assembleia de Deus, Anglicana e Luterana. Os membros da Renas são críticos ao discurso e à prática conservadores da bancada evangélica no Congresso, contrários à redução da maioridade penal e favoráveis ao diálogo com religiões de matriz africana, ao debate sobre a descriminalização do aborto e à união civil e religiosa de casais homossexuais. (Cf. O Globo, 19.09.2015, p. 26).

       

Rumo à direita


Em outubro de 2013, pesquisa do DataFolha comprovou que a maioria dos brasileiros se identifica com valores de direita. Este retrato se revelou quando se indagou a respeito de questões como pena de morte e papel dos sindicatos. Dos entrevistados, 38% foram classificados como de centro-direita, 26% de centro-esquerda, 22% de centro, 11% de direita e 4% de esquerda.

      

A tendência à direita é reforçada por muitas Igrejas evangélicas indiferentes à moral social e defensoras do livre mercado. Elas se posicionam contra o aborto e o controle da natalidade; são favoráveis ao tratamento psicológico de homossexuais, e consideram que a democracia é plenamente compatível com os parâmetros do capitalismo. Advogam o Estado mínimo e, em nome da “salvação da família”, a criminalização dos movimentos civis por direitos sociais.

       

Conforme análise da teóloga protestante Magali do Nascimento Cunha, a bancada evangélica não cresceu tão significativamente, como se propagou, nas eleições de 2014. O discurso homofóbico em defesa da família e contra o comunismo não foi suficiente para atrair os votos que esperava.


       
Segundo o DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), o número de parlamentares evangélicos na Câmara dos Deputados não sofreu alteração significativa nas eleições de 2014. Estimava-se que chegaria a uma bancada de 100 eleitos (crescimento de 30%), tendo em vista o aumento de 20% alcançado nos pleitos anteriores. Foram eleitos 72 parlamentares. Em 2010, elegeram-se 66 para o Congresso Nacional, entre deputados federais e senadores.

      

Estimava-se que nomes de projeção nacional, como o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), atualmente acusado de estupro, recebessem ao menos 1 milhão de votos. Um de seus mais fortes cabos eleitorais, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, chegou a declarar: “Se o Feliciano tiver menos de 400 mil votos na próxima eleição, eu estou mudando de nome”. E ironizou a reação dos movimentos sociais quando Feliciano ocupou a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara: “Quero agradecer ao movimento gay. Quanto mais tempo perderem com o Feliciano, maior será a bancada evangélica em 2014”. Malafaia deveria cumprir a promessa: Feliciano teve, na eleição de 2014, 398.087 votos.


      
O PSC acreditou tanto no êxito eleitoral de seus candidatos que lançou o Pastor Everaldo candidato a presidente da República.


Marina Silva e Pastor Everaldo


Os evangélicos apresentaram, nas eleições de 2014, dois candidatos a presidente: Marina Silva e o Pastor Everaldo, ambos da Assembleia de Deus.

      
Marina Silva se destacou a partir da morte inesperada de Eduardo Campos, candidato a presidente pelo PSB, de quem era vice. Isso esvaziou a candidatura do Pastor Everaldo, pois os evangélicos, embora não sejam aliados de Marina Silva, somaram forças em torno dela movidos pelo antipetismo. Contudo, ela não alcançou o segundo turno, figurando em terceiro lugar entre os candidatos. Comparado à eleição de 2010, quando também concorreu ao mesmo cargo, houve aumento de 2% no número de votos que lhe foram dados: de 19% para 21%. Pressionada por lideranças evangélicas, Marina apresentou constantes mudanças de discurso, o que provocou a perda de confiança de muitos de seus eleitores.


       
Já o Pastor Everaldo teve pouco mais de 780 mil votos, e ficou atrás da candidata de esquerda Luciana Genro (PSOL-RS), que obteve 1,6 milhão de votos.

      

O que surpreendeu a muitos foi o apoio de Marina Silva, no segundo turno, à candidatura do oposicionista Aécio Neves (PSDB). O pragmatismo superou os princípios.



A servidão voluntária

       

La Boétie publicou, em 1576, o Discurso da servidão voluntária, texto no qual analisa esse estranho fenômeno que faz certas pessoas abdicarem de sua autonomia para pensar pela cabeça alheia e agir segundo o seu mestre mandar.



        
Ocorre em todos os âmbitos, desde a mulher que se deixa subjugar pelo marido ao funcionário que jamais questiona as ordens do chefe. Aliás, os criminosos nazistas e os torturadores brasileiros que chegaram às barras dos tribunais alegaram, em sua defesa, o cínico argumento: “cumpríamos ordens”.

       

Outro dia, perguntei a uma senhora a quem dará seu voto para prefeito. “Naquele que Deus mandar”, respondeu. Espantei-me e, confesso, com uma ponta de inveja. Sempre quis saber a vontade de Deus quanto aos meus passos na vida. Tenho uma fé entremeada de incertezas.


      

Sei, porém, que Deus é Pai (e também Mãe, lembrou o papa João Paulo I), mas não é paternalista. Como reza Gilberto Gil, deu-me régua e compasso e, o caminho, eu mesmo traço. Isso se chama livre arbítrio.

       


Aquela senhora, entretanto, dava mostras de ter merecido um canal direto com Deus. E mais: um Deus cabo eleitoral na acirrada disputa das eleições municipais.

       


“Como a senhora saberá quem é o candidato preferido de Deus?”, indaguei. Ela retrucou candidamente: “O pastor dirá. Ele é a voz de Deus”.

       

Meu Deus!, reagi intimamente. Confundir a função de padre, bispo ou papa, com a vontade de Deus, é uma das mais aberrantes artimanhas para favorecer o fundamentalismo e suscitar a servidão voluntária. Vide o que os terroristas islâmicos fazem em nome de Maomé!

       


O mais curioso é que nem ateus escaparam disso. Basta ler O homem que amava os cachorros (Boitempo), de Leonardo Padura. Em nome da Causa, encarnada na vontade inquestionável de Stálin, Ramón Mercader sacrificou a sua vida para assassinar Trotsky.


      

Aliás, quase todos os líderes, sejam eles políticos, religiosos ou empresariais, preferem que seus subordinados abdiquem da consciência crítica. E ainda que tenham opinião diferente, tratem de omiti-la. O peixe morre pela boca...

      

Daí o fenômeno degradante da humilhação voluntária. Para não perder prestígio, manter a função ou se julgar bem vistos aos olhos do chefe, muitos abaixam a cabeça e exibem os fundilhos... E qualquer crítica é tida como desvio ideológico, heresia, conspiração ou traição.

       


Volto à canção de Gil. Na esfera cristã, a régua é a Bíblia e, o compasso, a prática de Jesus. Ele atuou em defesa dos direitos dos pobres e excluídos. Denunciou os opressores e “despediu os ricos com as mãos vazias”. Realizou a partilha dos pães e dos peixes, e “saciou de bens os famintos”.

       


Todos que se consideram seus discípulos, e acreditam que ele agia segundo a vontade de Deus, deveriam, portanto, agir como ele, inclusive ao votar. Os critérios evangélicos são óbvios para quem tem olhos para ver e orelhas para ouvir.


       

O resto é demagogia e tentativa de perpetuar a servidão estrutural daqueles que, fora do mercado, não merecem dignidade nem salvação.



Papel da mídia    



Todo este processo tem a cumplicidade da grande mídia, historicamente alinhada aos valores e políticas conservadores. De certo modo, programas de rádio e TV monitorados por pastores evangélicos fortalecem a legitimação do status quo, razão pela qual são apoiados pelos donos do capital. A estes não interessa a agenda dos movimentos sociais nem a ampliação das conquistas em prol dos direitos humanos.


     
Esta postagem de um pastor evangélico no Facebook reflete bem o espírito de cruzada de certas Igrejas: "Devemos nos unir cada vez mais, já somos milhões de evangélicos no Brasil, fora os simpatizantes. Temos força, é claro que nossa força vem de Deus. Precisamos nos mobilizar contra as forças das trevas, que querem desvirtuar os bons costumes e a moral e, principalmente que querem afetar a honra da família. Se o meu povo que se chama pelo meu nome se humilhar e orar, não tem capeta que resista".



O ovo da serpente

       

Em resumo: é preocupante a confessionalização da política. Na eleição de Dilma, o tema religião ganhou mais relevância que programas de governo. Na de prefeito à capital paulista, em 2012, pastores e bispos se conflitaram, e padre Marcelo Rossi virou ícone político. E, no Rio, o candidato Crivella teve o seu passado fundamentalista denunciado com base em seus próprios escritos, onde demoniza o catolicismo e as religiões de origem africana.

       


A modernidade separou Estado e Igreja. Agora o Estado é laico. Portanto, não pode ser pautado por uma determinada crença religiosa. Todas têm direito a difundir sua mensagem e promover manifestações públicas, desde que respeitados aqueles que não creem ou pensam de modo diferente.


       

O Estado deve estar a serviço de todos os cidadãos, crentes e não crentes, sem se deixar manipular por esta Igreja ou aquela denominação religiosa.

       


O passado do Ocidente comprova que mesclar poder religioso e poder político é reforçar o fundamentalismo e, em suas águas turvas, o preconceito, a discriminação e, inclusive, a exclusão (Inquisição, “heresias” etc.). Ainda hoje, no Oriente Médio, a sobreposição de doutrina religiosa em certos países produz políticas obscurantistas.

       


Temo que também no Brasil esteja sendo chocado o ovo da serpente. Denominações religiosas apontam seus pastores a cargos eletivos; bancadas religiosas se constituem em casas legislativas; fiéis são mobilizados segundo o diapasão da luta do bem contra o mal; Igrejas se identificam com partidos; amplos espaços da mídia são ocupados pelo proselitismo religioso.


      

Algo de perigoso não estaria sendo gestado? Já não importa a luta de classes nem seus contornos ideológicos. Já não importa a fidelidade ao programa do partido. Importa a crença, a fidelidade a uma determinada doutrina ou líderes religiosos, a “servidão voluntária” à fé que mobiliza corações e mentes.

       

O que seria de um Brasil cujo Congresso Nacional fosse dominado por legisladores que aprovariam leis, não em benefício do conjunto da população e, sim, para enquadrar todos sob a égide de uma doutrina confessional, tenham ou não fé nessa doutrina?


      
Sabemos que nenhuma lei pode forçar um cidadão a abraçar tal princípio religioso. Mas a lei pode obrigá-lo a se submeter a um procedimento que contraria a razão e a ciência, e só faz sentido à luz de um princípio religioso, como proibir transfusão de sangue ou o uso de preservativo.


      

Não nos iludamos: a história não segue em movimento linear. Por vezes, retrocede. E aquilo que foi ainda será se não lograrmos predominar a concepção de que o amor – que não conhece barreiras e “tudo tolera”, como diz o apóstolo Paulo – deve sempre prevalecer sobre a fé.


      
Se nós, católicos, pretendemos atrair os pobres aos nossos templos e comunidades só nos resta um caminho: evitar qualquer combate às Igrejas evangélicas, como estigmatizá-las com a pecha de “seitas”; dialogar ecumenicamente com seus fiéis e pastores; recriar espaços pastorais nos quais os pobres se sintam em casa, como outrora nas CEBs e na Pastoral Operária; adaptar a liturgia católica aos paradigmas culturais populares; e, sobretudo, em nome da fé em Jesus nos colocarmos a serviço da erradicação da pobreza e de suas causas.


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Frei Betto

Assessor de movimentos sociais. Autor de 53 livros, editados no Brasil e no exterior, ganhou por duas vezes o prêmio Jabuti (1982, com "Batismo de Sangue", e 2005, com "Típicos Tipos")




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