terça-feira, 7 de outubro de 2014

Vou de Dilma, mesmo mantendo as críticas em relação aos governos do PT


Cid Benjamin

Declaração de voto

No primeiro turno vota-se no melhor. No segundo, escolhe-se o melhor, mas entre os que disputam. Só que, às vezes, isso significa optar pelo menos pior. Paciência. É do jogo.

No dia 5 de outubro, votei em Luciana e Tarcísio. Com os dois fora do segundo turno, é preciso resolver que fazer.

Os governos Lula e Dilma foram frustrantes para quem, como eu, tinha alguma expectativa de mudanças estruturais no país.

Um segundo governo Dilma seria a continuação do mesmo. Não creio que, agora, depois de 12 anos, o governo do PT fizesse uma auditoria da dívida pública, cujos juros asfixiam o Orçamento; fortalecesse a reforma agrária; democratizasse os meios de comunicação (condição para disputar, de verdade, a hegemonia na sociedade), revendo concessões de rádio e TV e fazendo com que fosse cumprida a Constituição no que diz respeito ao seu uso; jogasse peso na reforma política, reduzindo de forma drástica o peso do poder econômico na disputa; realizasse uma reforma tributária, fazendo recair sobre os mais ricos a maior carga de impostos; enfrentasse os interesses de bancos e empreiteiras; privilegiasse a agricultura familiar, em detrimento do agronegócio, mesmo desagradando os ruralistas; desmontasse os gigantescos esquemas de corrupção enquistados no Estado e nas empresas estatais etc, etc, etc.

Algumas dessas coisas dependem do Legislativo, eu sei, mas sei também que, no Brasil, quando o Executivo joga peso numa proposta geralmente consegue aprová-la.

Por outro lado, um governo Aécio seria o retrocesso. Provavelmente tudo isso que apontei acima poderia ser escrito a respeito dele. Que, além do mais, arrocharia mais a economia, incorporando mais claramente os preceitos neoliberais, podendo inclusive suspender o processo de valorização do salário-mínimo, e modificaria, para pior, a política externa. Isso, entre outras coisas.

Além disso, é preciso deixar claro: se o PT já deixou de ser, há tempos, um partido de esquerda, que tenha como objetivo lutar por transformações sociais, o antipetismo geralmente é de direita.

Mas, é preciso reconhecer, mesmo com todo o cuidado para não afetar qualquer interesse dos poderosos, os governos do PT melhoraram a vida dos mais pobres.

Por isso, entre a estagnação e o retrocesso, fico com a primeira opção.

No segundo turno, vou de Dilma, mesmo mantendo as críticas em relação aos governos do PT.

No Rio de Janeiro, a situação é, ainda, mais complicada.

Pezão significa a continuação dos esquemas Cabral e da hegemonia das Odebrecht da vida e do que é, no estado, o verdadeiro crime organizado.

Mas Crivella é a representação política da Igreja Universal do Reino de Deus. Ora, uma das piores heranças da última década é o crescimento da influência dessas religiões pentecostais. Seus rebanhos, que seguem incondicionalmente pastores hiper-reacionários e corruptos, representam uma reserva importantíssima para a direita (e, se houvesse uma oportunidade histórica) para o próprio fascismo. Tudo, menos ajudar o crescimento dessas correntes.

Elas são ainda mais nocivas para o país do que os esquemas de corrupção das empreiteiras e concessionárias dos serviços públicos.

Vou de Pezão.

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