Durval Muniz
Campina Grande, você está sem memória? Vamos relembrar.
Para meu espanto, pela segunda eleição seguida, minha cidade, Campina Grande, é uma das poucas grandes cidades do Nordeste que vota maciçamente no PSDB. Transformada num grande curral eleitoral pela família Cunha Lima, uma cidade de cerca de 400 mil habitantes, resolveu no ultimo domingo votar majoritariamente num ilustre desconhecido: Aécio Neves, que nunca nem pisou direito na cidade, que nada por ela fez, e que deve pensar da sua população o mesmo que seu guru, FHC pensa de todos os nordestinos. Ou os campinenses já não se consideram mais nordestinos, são gente fina e chic, são a massa cheirosa tucana.
Creio que muita gente está desmemoriada em Campina Grande, não se lembram das consequências terríveis para a cidade dos oito anos de governo FHC. Como historiador que sou, tenho o dever de refrescar memorias, de fazer os campinenses acordarem para os danos que podem ocorrer não só a cidade, mas ao país. Se querem votar em tucano para governar o Estado que o façam, mas por favor poupem o país de uma figura despreparada como Aécio Neves. Se os mineiros que o conhecem não o quiseram porque cargas d'Água paraibanos vão votar nele?
Campina Grande encolheu economicamente e demograficamente durante o governo FHC. A falta de empregos e oportunidades fizeram a cidade perder população no censo de 2000. A cidade se encheu de vendedores ambulantes, a praça da Bandeira e adjacências, o Calçadão, por todo lado só se via sacoleiros, vendendo produtos do Paraguai para sobreviver.
As crise bancária fechou na cidade os bancos Nacional, Real, Mercantil e a Fininvest, levando muitos bancários ao desemprego. Isso foi somado ao processo de privatização do Paraiban e ao processo de enxugamento do Banco do Brasil e da Caixa que levou a um programa de demissões e demissões voluntarias, que chegou a levar pessoas ao suicídio.
A provatização da Telpa levou aos vários empregados que enchiam aquele prédio no centro, próximo ao colégio das Damas ao desemprego e o prédio virar um fantasma. A privatização da Celb por uma mixaria levou embora outros empregos e o dinheiro ninguém sabe até hoje em que foi aplicado.Uma empresa fruto de anos de suor e impostos dos campinenses foi praticamente doada ao capital privado.
A cidade passou por um processo de desindustrialização: o distrito industrial viu fechar uma empresa atrás da outra aumentando o desemprego.
O setor do comércio viu o fechamento das principais magazines da cidade: fechou as Lojas Brasileiras e as Casas Pernambucanas por exemplo.
O setor supermercadista viu desaparecer os supermercados locais como a rede Serve bem tragados pelos grandes supermercados como o Bompreço.
Ate mesmo a rede de cinemas locais viu todas as casas fecharem, a cidade ficou sem um cinema.
Só para que as pessoas tenham uma ideia do que foi este período, quando a Prefeitura Municipal abriu um concurso para gari ate pessoas com curso superior se inscreveram, fenômeno que se reproduziu em vários lugares do Brasil. Em um concurso para gari no Rio de Janeiro quinze mil pessoas se inscreveram.
Espero que pelo menos algumas pessoas que leiam em minha cidade este artigo reflitam e não deem mais um voto a Aécio, isto é querer que a cidade e o país retorne para este tempo de desemprego, esvaziamento econômico e arrocho salarial.
Acorda Campina Grande!
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Durval Muniz é professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Blog do Jolugue
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