Usura: Antoon Van Dyck |
Mudar o mundo não é um passeio: 2011 viveu radicalização do velho—ataque aos direitos e serviços públicos em benefício do 1%
O historiador Eric Hobsbawn enxerga a década de 1910 como um período raro em que o futuro estava “em aberto”. Muitas alternativas eram possíveis (e nenhuma certa…) num mundo marcado pelo declínio da hegemonia britânica, ascenso dos movimentos operários e do marxismo, emergência dos Estados Unidos e primeiros sinais do fascismo. É provável que, cem anos depois, uma nova época de incertezas esteja começando.
Porque, infelizmente, 2011 não foi apenas o ano em que se espalharam esperanças de humanização. Num contraponto, a oligarquia financeira exigiu, com radicalidade inédita, a conservação e ampliação de seus privilégios. Alguns governos – principalmente na Europa – tornaram-se ainda mais insensíveis aos direitos e desejos da maioria. No ambiente de exasperação, manifestaram-se sinais de xenofobia e fascismo.
A expressão concentrada dessa tendência foi uma crise financeira cujo epicentro é a Europa, mas que tem potencial de se espalhar pelo planeta. Sua causa básica é um conflito pela apropriação da riqueza coletiva. Uma minúscula minoria, suficientemente rica e poderosa para ditar o ritmo dos mercados financeiros, tornou-se capaz de exigir dos Estados o pagamento de juros trilionários. Como os governos (e a mídia) são cúmplices desta captura, as sociedades estão sendo forçadas a pagar a conta. Para arcar com os juros, cortam-se direitos (em especial, previdenciários), demite-se, desmantelam-se serviços públicos.
A sangria é grave a ponto de colocar países como Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália à beira da insolvência. Se consumada, esta hipótese poderá levar, também, à quebra dos bancos credores e espalhar, em dominó, pânico e falências num sistema financeiro cada vez mais interligado. Este risco, que afetaria a produção em vastas partes do planeta, é um dos assuntos a acompanhar com atenção especial, em 2012.
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