sábado, 13 de agosto de 2016

Delator é o máximo da degradação humana



O Delator

A coisa mais odiosa inventada para usar o trôpego caráter humano é a delação. Quando vejo, aqui mesmo no Rio, esse anúncios oficiais de grandes empresas, bancos, ônibus etc, gritando DENUNCIE sinto vergonha por vocês, já que eu, pra sobreviver, resolvi ser sem vergonha (duas palavras, por favor).


Pessoalmente eliminei a possibilidade de aceitar esse nojo psíquico quando, menino, vi o filme O DELATOR, dirigido por John Ford (grande quando dirigia dramas como este ou filmes românticos como Como Era Verde o Meu Vale). Marcou-me para sempre, tanto que lembro do filme hoje, quase sem apoio de informações atuais.

No papel do delator perfeito estava Victor McLaglen, um grosso admirável. Era delator por razões pungentes e sofria o tempo todo as dores da infâmia. McLaglen fez, durante 50 anos, 121 filmes. Ninguém mais se lembra dele. Repito, pros que vivem lutando por notinhas de jornal: assim passa a glória do mundo.

Ser delator, pelo menos teoricamente, ainda é o máximo da degradação humana. Nos grupos mafiosos - perdoa-se tudo menos trair a omertá - e nos grupos marginais de todo o mundo e de toda a história, desde os assaltantes de estrada do sul da Itália, de Nunzio Romanetti, até entre os cabras de Lampião. Delator não tem perdão.

Agora Bush não só justifica, glorifica, e dá prêmio em dinheiro à infâmia. Chegamos à infâmia globalizada. E patriótica.



Millor on line

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