Juiz diz que fotógrafo baleado em protesto foi o culpado por ficar cego; desembargador boquirroto vendia sentenças; Moraes quer menos pesquisas, mais armamentos
Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
Vejamos três notícias.
A primeira: “Fotógrafo cego por PM em SP teve ‘culpa exclusiva’ diz juiz em sentença“.
Trata-se de Sérgio Andrade da Silva, que ficou cego do olho esquerdo ao ser baleado pela PM em junho de 2013, durante as manifestações por passe livre. Três anos após a bala de borracha, ele terá de pagar R$ 2 mil em honorários à Justiça, por ter perdido uma ação que movia contra o Estado. Vejamos a justificativa de Olavo Zampol Júnior, juiz da 10ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo:
– No caso, ao se colocar o autor entre os manifestantes e a polícia, permanecendo em linha de tiro, para fotografar, colocou-se em situação de risco, assumindo, com isso, as possíveis consequências do que pudesse acontecer, exsurgindo desse comportamento causa excludente de responsabilidade, onde, por culpa exclusiva do autor, ao se colocar na linha de confronto entre a polícia e os manifestantes, voluntária e conscientemente assumiu o risco de ser alvejado por alguns dos grupos em confronto.
O desembargador Evandro Stábile
Passo à frente. Segunda notícia: “STJ abre ação contra desembargador por chamar pedreiro de ‘negro’, ‘peão’, ‘vagabundo’“.
Era uma situação privada, em um condomínio. O desembargador Evandro Stábile, do Tribunal de Justiça do Mato Grosso, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por injuria racial. Ele ofendeu o trabalhador por ter ficado incomodado com o barulho da obra.
Stábile já presidiu o Tribunal Regional Eleitoral de seu Estado. Em 2015, foi condenado a seis anos de prisão “por aceitar e cobrar propina em troca de decisão judicial”.
(Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Terceira notícia: “Ministro da Justiça defende menos pesquisa e mais ‘equipamentos bélicos’ no governo”.
Alexandre de Moraes priorizará “equipamentos para inteligência e equipamentos bélicos”. Ele criticou os investimentos em diagnósticos de segurança pública: “Tem especialista que nunca trabalhou em segurança pública mas de alguma forma vira especialista, que cobra viagens internacionais para aprender não sei o quê”.
Ao leitor, as interpretações.
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