sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Nem tudo é válido e eficaz na guerra eleitoral


Pelo bom e esclarecedor debate

Luciano Siqueira

Eleição é guerra, bem sabemos. E como toda guerra, pressupõe o uso de múltiplas armas e formas de luta. Mas nem tudo é válido, nem eficaz.

Vivencio eleições em Pernambuco desde 1978, após reconquistar a liberdade, ainda sob a ditadura militar. Aqui, como em outras plagas, o embate eleitoral guarda a velha tradição do conflito exacerbado, polarizado entre forças abertamente antagônicas. Desde a República Velha, quando os oligarcas Dantas Barreto e Rosa e Silva trocaram tiros diante do Palácio do Campo das Princesas, na disputa pelo poder local.

Sob o regime militar, o discurso agressivo e fortemente adjetivado teve muito impacto sobre o eleitor; denotava coragem; acentuava a diferenciação de campos entre os adeptos da ditadura e os democratas. Dos candidatos não se exigia tanto em matéria de proposições, pois o objetivo maior e imediato, então, era a restauração do Estado de Direito.

Com a redemocratização, a partir de 1985, o jogo de forças se tornou mais complexo, as alianças ganharam contornos caleidoscópicos, superando o aparente maniqueísmo antes predominante. Em decorrência, entrou na ordem do dia o confronto de projetos políticos e administrativos para o País, estados e municípios.

Concomitantemente, o eleitorado progrediu em seu aprendizado político, tornou-se mais exigente e, em consequência, avesso ao bate-boca estéril e à troca de insultos entre os concorrentes. A credibilidade de "denúncias de época de campanha" despencou, como atestam pesquisas sobre o tema.

Entretanto, a tentativa de desqualificar adversários através de impropérios e rotulações indevidas resiste como artifício na busca da preferência dos eleitores. Em alguns casos, por "recomendação" de pesquisas quantitativas e, sobretudo, qualitativas (que captam impressões subjetivas de grupos de eleitores escolhidos sob critérios técnicos). Um equívoco, pois dados de pesquisa são subsídios auxiliares, a tática política é soberana. Tal como na prática médica, em que os exames laboratoriais são acessórios, a abordagem clínica é determinante.

A partir do próximo dia 10 teremos o programa eleitoral na TV e no rádio. Ótima oportunidade para a diferenciação entre postulantes a postos executivos via debate de ideias e confronto de programas, despida de desaforos e denúncias vãs.

Tomara. Em respeito ao eleitor e para o aperfeiçoamento do processo democrático. 

Vermelho

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