O verdadeiro "mínimo que você precisa saber":
Partindo do pressuposto que, no Brasil, há uma concepção completamente equivocada na seleção dos candidatos, que é a escolha pela pessoa e não pelo partido (o que mais confunde do que explica, visto que no discurso dois candidatos podem prometer a mesma coisa, ainda que cada um tenha meios totalmente diferentes para fazê-lo, ou mesmo nem fazê-lo, de acordo com sua posição política mais geral). Com o intuito de informar o posicionamento dos partidos, que é o mais elementar a se saber, resolvi criar esse gradiente da esquerda para a direita, explicando minimamente que fatores determinam a localização dos partidos políticos brasileiros.
A raiz do padrão esquerda-direita é a revolução francesa, em relação às posições espaciais que os membros ocupavam na assembléia nacional, quando os partidários do rei (e do antigo regime) sentavam-se à direita e os partidários da revolução (e do novo regime) à esquerda.
Desde então, embora alguns autores discordem, o termo direita tem servido para designar os partidários da ordem social e econômica vigente, e esquerda os partidários da transformação de tal ordem. Com o tempo, o refino dos conceitos incluiu também: sob a bandeira da direita, a justificação e naturalização dos efeitos decorrentes das premissas do sistema vigente, mesmo com algumas concessões aos afetados, mas com base na classe dominante; sob a bandeira da esquerda, o combate, ajuste, e regulação dos efeitos decorrentes das premissas do sistema vigente, tendo base na classe dominada. Essas inclusões criaram zonas intermediarias, partidos que combatem os efeitos do sistema vigente sem combater o próprio sistema vigente, a centro-esquerda, e partidos que admitem certa regulação e distribuição para manter o sistema vigente, a centro-direita.
Atualmente, sob o capitalismo, as condições de partida (tipo ideal, intrínsecas ao regime) são as condições liberais: o estado mínimo, democracia como não interferência na vida privada, "liberdade de expressão", propriedade privada ilimitada, incluindo a possibilidade de propriedade privada dos meios de produção, o trabalho assalariado, etc. Que tem suas consequências intrínsecas: o aumento crescente da pobreza relativa ao longo da competição, acumulação e expansão do capital, portanto a justificação da desigualdade, a impossibilidade de se medir e impedir politicamente os impactos ambientais da vida social, a impossibilidade de impedir os desastres humanitários nas crises em que o capital se reestrutura, etc.
É sobre o posicionamento diante do sistema capitalista, suas premissas e consequências, conforme explicado acima, que foi definido o espectro utilizado nesta imagem. A direita representa a legitimação da ordem capitalista, com suas premissas e consequências, a centro-direita admite suprimir suas consequências desde seja a condição para manter o sistema, enquanto a centro-esquerda combate suas consequências como prioridade, mas sem esquecer de regular minimamente o sistema, e a esquerda propõe a substituição das próprias premissas para anular as consequências (ou seja, a substituição do sistema inteiro).
Para os que são de esquerda, como eu, fica claro que a zona intermediária, sinalizada pela adição da palavra "centro", é uma zona intrinsecamente reacionária (contra-revolucionária), pois emerge ancorada na ideia de conciliar classes antagônicas. E a sutil diferença entre a centro-direita e a centro-esquerda fica sendo, na maioria dos casos, apenas uma diferença de base social sobre a qual se assentam, gerando efeitos semelhantes na prática. Embora deva-se ressaltar que a centro-esquerda planifica sua ação com a intenção primária de combater os efeitos do sistema vigente, sendo mais efetiva nisto do que a centro-direita (que, em primeiro lugar, fará os ajustes requeridos pelas suas bases, mesmo que isso gere efeitos colaterais ao resto da sociedade).
Errata: * o logo do PROS pode ter sido colocado demasiadamente à direita, pois apesar de o partido sustentar a diminuição de impostos e a desburocratização do estado, ele ainda contém certo estatismo em prol de ajustes sociais mínimos (talvez a melhor posição para ele seja a centro-direita).
** Não há ainda, no Brasil, um partido fundamentalmente liberal, ou totalmente liberal, mas está sendo criado, é o "Novo".
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