sexta-feira, 4 de abril de 2014

Se Ricardo diz que é diferente, porque demitir com critério político?


Carlos Magno

Acabou o tempo das perseguições ?

Quem acompanha a trajetória política de Ricardo Coutinho deve ter a mesma opinião que eu tenho: Ricardo não deveria demitir os servidores comissionados pelo fato de ter rompido politicamente com o senador Cássio.

Fazendo isso, ele está dando mais uma demonstração de que seu discurso pode ser maravilhoso, do ponto de vista da democracia, mas a prática apaga tudo o que ele diz. Ricardo sempre se apresentou como um político diferente do tradicional. Em seus discursos, ele sempre diz que não segue critérios políticos em suas decisões, mas critérios técnicos, de competência, de razoabilidade, de sensatez. Chegou até a ser criticado por setores da política, ao afirmar, no início de seu governo, que não era um político profissional, mas um homem justo no lugar de governante da Paraíba. 

Se Ricardo diz que é diferente, justo, porque não agir da mesma forma? Se ele, ao assumir o Governo do Estado em 1º de janeiro de 2011 disse ter acabado o tempo das perseguições, em que o servidor tinha medo de perder o emprego porque era ligado ao político ‘A’ ou ao político ‘B’, o tempo em que o critério para trabalhar no Estado era ser conhecido de determinado político, não o da competência, o que houve, Ricardo? 

Outro detalhe é que, ao demitir os servidores, Ricardo Coutinho não apenas admite que os critérios por ele utilizados são políticos, mas também que mantinha um monte de gente recebendo dinheiro do Estado – nosso dinheiro, por sinal – simplesmente porque tinha um padrinho forte, no caso Cássio Cunha Lima. Ou não? Se não, então ele está demitindo um monte de gente competente, que entrou no serviço público não porque era ligado a Cássio, mas porque tinha competência? E esse povo todo competente vai para o olho da rua pelo pecado de ser ligado politicamente a alguém? Acho que os paraibanos merecem uma explicação mais plausível. 

Sobretudo porque Ricardo dizia que era diferente de todo mundo e está fazendo a mesma coisa. E digo que ele está fazendo a mesma coisa porque ele mesmo disse isso. Vejamos uma declaração dele esta semana: “Em 2003 o doutor Cássio, em 2009 o doutor Maranhão governariam com quem estava antes? Evidente que não. Isso é tão elementar que me assusta, as pessoas tentarem fazer algo que está completamente fora, enquanto dimensão”. Tirando a filosofada do final da frase, o que se vê é que o Ricardo que se dizia diferente afirmou, em entrevista, que demitiu porque os outros também demitiram. Ou seja: “eu estou fazendo a mesma coisa que os outros fizeram, mas eu sou diferente deles”. Dá pra entender? 

Além do mais, Ricardo se esquece de um pequeno detalhe: ele diz que Cássio e Maranhão demitiram porque não iriam governar “com quem estava antes”. Só que esses servidores que estão sendo demitidos agora, caro governador, não “estavam antes”, como o senhor falou. Eles estão agora, foram nomeados no início de seu governo, não no governo passado. Quanta incoerência, não?


Pb Agora

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