O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, está nas manchetes nacionais deste domingo com a constatação de que ele recebeu R$ 580 mil do Ministério Público Federal com base no controverso bônus salarial criado nos anos 90 para compensar o auxilio – moradia. O processo de natureza legal sai dessa esfera e passa a ter relevância incomum porque tempos atrás o próprio Barbosa saiu atirando contra tudo e todos, inclusive seus pares, condenando este recebimento, que agora abrigou nos seus cofres.
O cenário expõe com muita clareza o sentido de como fatos normais acabam se transformando em casos relevantes e absurdos, mais do que isso contraditórios, apenas pelo fato de abrigar no personagem central a ambigüidade de pousar de excessivamente ético em relação aos seus Pares enquanto, no exame sequente do procedimento legal, age de outra forma, ou seja, abrigando o beneficio porquanto representa apenas o direito liquido e certo.
Mas, nos últimos tempos, a sociedade passou a ser refém de uma Imprensa fundamental no processo da Liberdade plena mas, em muitos casos, agindo como se fora Tribunal de punição pública e moral para gerar indignação na sociedade mesmo quando diante de fatos legais, entretanto explorados como se estivesse ferindo a Moral e a Ética – o caso de Barbosa é um deles -, querendo em ato continuo construir Paladinos, falsos profetas de uma nova era de interatividade popular estabelecida no País, que apenas quer respeito e cidadania plena.
Homem de posições firmes, nem sempre consensuais no acato de seus pares, Joaquim Barbosa ascendeu na Corte máxima da Justiça brasileira incorporando a revolta popular contra os descalabros forjando a corrupção no serviço público e no sistema de uma forma geral, por isso passou a ser o queridinho da Imprensa até fazendo o jogo dessa mesma Grande Mídia atendendo interesses localizados de quem nunca se deixou passar a limpo.
Para encurtar o desfecho desta análise, buscamos o fato de agora envolvendo o presidente do STF para dimensionar em foto 3 x 4 do quanto ele está sofrendo de censura e baixa no conceito popular, mesmo com abrigo legal dos valores recebidos, imaginem o que se passa entre condenados no Mensalão pelo próprio Joaquim, como se deu (repito) em alguns casos sem uma única prova, que ele (Barbosa) disse inexistir mas que, temendo o ranço da Grande Mídia e popular, talvez pensando “alto” no Planalto, preferiu descartar o Direito Pleno em nome da punição moral.
Como admitir que na Suprema Corte, as evidências sem provas, estas reconhecidas como inexistentes por quem ataca, no caso Barbosa, sejam mais fortes do que o Direito em si a exigir respeito aos paradigmas do amplo direito de defesa seja de quem for? Mesmo assim, como fazer vingar e ficar impune a condenação sem provas mas vendida como ato moral inexorável e acatado por setores da sociedade sem dó nem piedade?
De fato, o Brasil precisa passar a limpo nossas instituições, mas isso jamais se dará na plenitude se não for envolvendo todos os setores da sociedade – todos, mesmo, incluindo a Mídia – e sem a prevalência do querer ou da posição e interesse de classes sobre as outras, sobretudo diante das transformações no Brasil que precisam avançar sem a falsa moral vigente.
O ministro Joaquim Barbosa agora começa a saber o valor da injustiça ao sentir na pele o quanto é inaceitável e indesejável a outrem a punição moral ungida a partir da hipocrisia e de outros interesses nacionais localizados, bem distantes do querer verdadeiro do povo brasileiro sempre em busca de avanços sociais e de cidadania.
Wscom
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