Como sempre acontece depois de tragédias como aquela ocorrida no "depósito de adolescentes" de Campina Grande/PB, ironicamente chamado de Lar do Garoto, se multiplicam as notas de consternação como também as comissões que querem ir até o local para verificar "de perto" o que aconteceu. AGORA É TARDE DEMAIS. Depois do sangue derramado estas manifestações e intervenções tornam-se inconvenientes.
Algumas chegam até a irritar pois só aparecem depois de anos de omissão e indiferença.
Ao ver as fotos só resta silenciar para admitir nosso absoluto fracasso. É terrível constatar que não estamos conseguindo salvar os nossos adolescentes e jovens das garras da violência e da criminalidade. Os espaços proporcionados pelo Estado estão se tornando "escola de barbárie". Cabe nesse momento somente a coragem de cada instituição assumir suas responsabilidades e arregaçar as mangas para fazer sua parte com generosa dedicação e firme militância. Conheço bem o sistema e suas mazelas para me deixar enganar com conversa fiada. Apesar de algumas ações acontecendo e da boa vontade de algumas pessoas, não há SOCIOEDUCAÇÃO NAS UNIDADES DA PARAÍBA.
Todas as unidades são verdadeiros caixões sociais onde se enterra diariamente a dignidade dos adolescentes e daqueles funcionários que querem fazer a diferença. Ao manter a terceirização, o Governo sucateou os serviços e não permitiu a construção de um quadro de socioeducadores devidamente qualificados. A Fundac deve passar por reformas. Precisa fazer uma auditoria em suas contas para verificar como foram investidos os recursos nos últimos anos como também é urgente fazer seu reordenamento para adaptá-la à legislação atual. Nas condições atuais a aplicação da medida de internação, longe de ser uma ferramenta pedagógica para a ressignificação da vida dos adolescentes, acaba se tornando, sobretudo, para os jovens do interior, o "balcão de alistamento" nas fileiras de facções criminosas.
Precisa fortalecer a rede nos territórios para garantir a aplicação das medidas no regime aberto reservando a internação aos casos mais graves e por breves períodos de tempo, conforme diz a lei.
Estas intervenções exigem maiores investimentos por parte das instituições envolvidas como os poderes executivo e judiciário.
Espero que haja grandes mudanças.
A Pastoral do Menor continuará prestando seu serviço marcando presença constante nas unidades e dando sua contribuição para a construção de um sistema socioeducativo de qualidade.
Pe. Xavier (Saverio Paolillo)
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