Os “Juízes de Pelourinho” mergulham cada vez mais o Judiciário nas águas turvas do Estado de exceção. Mostram irresponsabilidade funcional e descompromisso com a construção da nação republicana e democrática que o país deseja. Os exemplos de injustiças surgem aos borbotões a toda hora.
Estão destruindo o pouco de credibilidade que a Justiça conseguiu na sociedade brasileira depois da promulgação da Constituição de 1988, que proporcionou estrutura jurídica e funcional modernas, condizentes com a República e com a democracia conquistada com tanto sacrifício.
Por incrível que pareça, o juiz Ricardo Augusto Soares Leite, que tornou Lula réu num controvertido processo, sem ouvir a defesa, no qual o ex-presidente é acusado de obstrução da Justiça, é o mesmo que que foi afastado da Operação Zelotes e responde a uma representação do Ministério Público na corregedoria de justiça por ter dificultado as investigações.
A Zelotes investiga um escândalo bilionário envolvendo conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF.
O Juiz negou os pedidos de prisão preventiva emitidos pela Polícia Federal e paralisou as interceptações telefônicas que comprovariam crimes praticados por altos funcionários de bancos como o Safra, Bradesco e Santander.
Uma semana antes do recesso, o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também manobrou contra as investigações, decretou o fim da CPI do CARF.
O Brasil é um país de instituições e Constituição modernas, mas com autoridades muito aquém das funções públicas que ocupam.
Salvo raras excessões, as autoridades ainda são monárquicas, têm comportamento de corte, como se trabalhassem para a Coroa. Estão longe de serem republicanos e mais longe ainda da cidadania e da democracia.
Para esses, Lula deve ser açoitado no Pelourinho, voltar para a Senzala, e ficar distante das eleições de 2018.
Autor, entre outros trabalhos, de Florestan Fernandes - vida e obra; Florestan Fernandes – um mestre radical; e O Outro Lado do Real
Brasil 247
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