Fabiano Gomes


Veja abaixo o desabafo da jornalista:

É com as mãos trêmulas, o coração disparado, os olhos cheios de lágrimas e a cabeça a mil que digito esse comentário.

Já faz algum tempo que me questiono a respeito dos rumos do jornalismo paraibano. Não me canso de lembrar da dificuldade que eu passei para concluir meu curso. Não foram 4 anos, como a maioria, foram 6. A vida gosta de me dar rasteiras, mas uma das coisas que herdei do meu pai foi a teimosia. Talvez não haja no mundo alguém tão orgulhoso do próprio diploma quanto eu. Eu AMO a minha profissão. Eu vejo o jornalismo como algo transformador. Uma ferramenta poderosa na propagação da cidadania, dos direitos humanos, da ética. O jornalismo é uma arma. Já dizia Joan Diddion, “informação é poder!”.

E o que acontece quando se dá um poder desse nível a alguém inescrupuloso? O que acontece quando o poder chega às mãos daqueles que querem exatamente o contrário do que se define a palavra ética? Quando uma sociedade tem acesso ao tipo de informação que denigre e subjuga seus semelhantes, o que se esperar dela? O que esperar de um governo que financia de forma acintosa um sistema de comunicação que exclui, execra e humilha as minorias, em especial, as mulheres?

O que foi transmitido em cadeia estadual pela “maior emissora de rádio do estado, primeiro lugar no IBOPE, que possui milhares de ouvintes em todas as regiões da Paraíba”, pode ser caracterizado como um estupro. Todas as mulheres desse estado foram sumariamente violentadas no início da tarde desta terça-feira, 04 de dezembro de 2013.

Já não bastam as palavras ofensivas que recebemos na rua? Já não basta a violência física que sofremos por parte dos nossos companheiros e que a sociedade continua tratando como “briga de casal”? Já não basta nossa jornada dupla? Já não bastam nossos salários menores? Já não basta o medo constante de sair na rua?

Eu temo por mim e por minha filha TODOS os dias desde que eu me entendo por gente. Eu temo todos os dias ser violentada. Temo por mim, pela minha filha, pelas minhas amigas, pelas filhas das minhas amigas, por todas as colegas que ficam sozinhas nas paradas de ônibus, que são obrigadas a dirigir sozinhas à noite, que precisam sair do emprego tarde e que tem como única opção rezar pra que uma força superior dê a segurança que os PODERES PÚBLICOS FALHAM EM DAR.

Já não basta sermos vistas como mercadorias e nosso valor ser medido pelo tamanho da nossa bunda ou dos nossos peitos?


Que moral, senhor apresentador, o senhor tem para apontar a honra de alguém?

Sorte têm as filhas que o senhor não teve. Sorte têm as mulheres que não são obrigadas a conviver em sua companhia, e ter que aturar seu cinismo e sua hipocrisia.

Quem é você, senhor apresentador, para criticar a vida sexual de quem quer que seja? Quem você pensa que é para se supor o dono da moral e dos bons costumes dessa terra, que você diz ser tão boa?

Lamento pela profissão, tão desgastadas por pessoas que atuam em seu nome, mas que não possuem as mínimas qualificações para tal. Lamento por nós paraibanos, obrigados a ter como figura pública alguém que está interessado apenas no próprio bolso.

E lamento profundamente por nós mulheres. Violentadas constantemente por um sistema que nos definiu como inferiores, indignas e sujas pelo simples fato de sermos mulheres.

Por: Taty Valéria- Facebook.com

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O jornalista Antonio Gramsci
http://jopbj.blogspot.com.br/2013/11/o-jornalista-antonio-gramsci.html