Movimentos sociais realizam ato contra genocídio da população negra e pobre
Natasha Pitts
Movimentos sociais da cidade de São Paulo (Sudeste do Brasil) realizaram nesta manhã, na Praça da Sé, um ato contra o genocídio da população pobre, negra e periférica, seguido pela entrega de pauta de reivindicações a autoridades. A manifestação também culminou com a ocupação da Secretaria de Justiça.
De acordo com Douglas Belchior, da União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora (Uneafro) e do "Comitê contra o genocídio da população pobre, negra e periférica”, entidade que organizou a manifestação, a intenção foi fazer um alerta para a grave situação que se instalou no estado.
"O ato reuniu mais de 300 pessoas e aconteceu para chamar atenção para o genocídio que está sendo permitido pelo governo de Geraldo Alckmin e executado por meio de sua polícia. Hoje, a mídia só chama atenção para as mortes de policiais, mas as principais vítimas são civis e principalmente os jovens negros e pobres moradores das periferias”, denunciou.
Aproveitando a oportunidade da posse do novo secretário de Segurança do Estado, Fernando Grella Vieira, que aconteceu hoje, os/as manifestantes ocuparam a Secretaria de Justiça reivindicando serem ouvidos e conseguiram.
Douglas disse que a pauta de reivindicações foi recebida e que em poucos dias membros de movimentos de combate ao genocídio da juventude negra terão um encontro com o novo secretário de segurança. Além disso, uma audiência pública está agendada para o próximo dia 6. Os movimentos reivindicam a presença do governador.
Entre as principais reivindicações contidas no documento estão uma audiência pública imediata com o governador Geraldo Alckmin e com o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo; o levantamento das identidades, Boletins de Ocorrência, Certidões de Óbitos e Causa Morte da todas as vítimas civis assassinadas à bala no Estado de SP neste ano de 2012; o fim da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) em São Paulo; modificação do Secretário de Segurança Pública e do Comando da Polícia, além mudança radical em toda a Política de Segurança Pública no estado.
Também querem a abolição imediata dos "autos de resistência e resistência seguida de morte”; uma Comissão Parlamentar de Inquérito das Polícias e dos Grupos de Extermínio; desmilitarização das Polícias; controle popular, externo e independente de toda atividade policial por meio de Ouvidorias, Corregedorias e Defensoria com efetivo controle popular; direito à memória, à verdade e à justiça a todas as vítimas e seus familiares no estado de São Paulo desde, ao menos, os crimes de maio de 2006; além da responsabilização de Geraldo Alckmin por crime de responsabilidade e lesa-humanidade pelo atual massacre e a cassação de seu mandato.
O Comitê contra o genocídio denuncia que cerca 230 jovens negros e pobres moradores da periferia foram mortos pelas mãos de Policiais Militares e grupos de extermínio nos últimos dias.
Onda de violência
Desde setembro, a população do estado de São Paulo vem enfrentando um difícil momento por conta da violência que não cessa. Além da rotina de mortes todos os dias, homens, mulheres e crianças estão sendo obrigados a conviver com medidas como o toque de recolher, que mesmo sendo negado pelas autoridades é realidade.
Não há um número oficial sobre a quantidade de mortes até o momento, já que as cifras mudam rapidamente. Por noite, de cinco a dez pessoas são vitimadas fatalmente. Apenas entre policiais civis e militares mais de 90 foram assassinados.
"O estado está escondendo os números oficiais, mostrando a quantidade de policiais assassinados e escondendo o número de civis. O governo sabe muito bem que estes crimes não estão sendo praticados pelo crime organizado, mas sim por milícias”, denunciou o ativista Douglas Belchior.
Adital
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