Natasha Ísis
Depois de décadas lutando separadamente, diversas organizações e movimentos sociais do campo voltaram a se reunir para construir uma estratégia a favor da reforma agrária. Começou na última segunda-feira (20) e vai até amanhã (22) o Encontro Unitário dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, em Brasília.
Após 51 anos sem promoverem encontros, os movimentos sociais que militam a favor da reforma agrária estão reunidos desde o dia 20 em Brasília para debater o tema.
Na quarta-feira, último dia do encontro, eles farão uma marcha na Esplanada dos Ministérios para chamar a atenção do governo para a necessidade de botar os temas da reforma agrária e direito à terra como prioridades para todos.
Os movimentos não se reuniam desde o Congresso Camponês, de 1961. Em entrevista publicada no site da Carta Maior, o dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), William Clementino, ressaltou o fato de que 7 milhões das 11 milhões de famílias que recebem o Bolsa Família estão no campo, o que, para ele, torna um fracasso qualquer política de combate à pobreza sem a concretização da reforma agrária. “A reforma agrária, na lei ou na marra, com flores ou com sangue, ela vai ter que acontecer, porque ela é um princípio que supera a pobreza e a miséria”, disse Clementino.
Além da reforma agrária ampla e de qualidade, reivindicação central da reunião, também está em pauta o combate à ‘estrangeirização’ das propriedades (quando empresas estrangeiras têm a posse da terra) e o estabelecimento do limite de propriedade da terra. Outro tema importante é a questão dos direitos territoriais dos povos indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais, assunto que se tornou mais polêmico ainda com a criação da portaria 303 da Advocacia Geral da União (AGU), que estabelece, entre outras determinações, que o governo pode interferir nas terras indígenas sem consultá-los.
O Encontro ainda deseja chamar a atenção do público para o quanto as políticas de desenvolvimento rural atuais têm prejudicado a reforma agrária. O representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, destacou, também à Carta Maior, a necessidade de modificar o “grande objetivo” da agricultura brasileira hoje. “O agronegócio representa um pacto de poder das classes sociais hegemônicas, com forte apoio do Estado brasileiro, pautado na financeirização e na acumulação de capital, na mercantilização dos bens da natureza”, afirma o manifesto preparatório para o encontro, assinado em fevereiro pelo MST, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cáritas, entre outras organizações.
Leia aqui a declaração final aprovada no Encontro Unitário.
Ibase
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