Ao ver o meu primeiro nome no sistema de cobrança, a jovem caixa de um supermercado comentou: "Esse nome é bem raro, o único que conheço é o Florestan Fernandes".
Quando disse que era filho dele, a jovem, que está concluindo o Ensino Médio, não se conteve de alegria: "Não acredito! Seu pai é o máximo! Meu professor nem vai acreditar que eu conheci você! Meu sonho é fazer sociologia", disse ela, com um largo sorriso e segurando longamente minha mão.
É raro, hoje em dia, um jovem de origem pobre, obrigado a trabalhar e estudar, conhecer e se interessar por um intelectual de reflexões tão densas.
Fico imaginando que quem abriu esse mundo para ela foi seu professor. Imaginei também a alegria que meu pai sentiria ao saber que uma estudante da mesma classe social a que ele pertenceu mostrasse tanto interesse por sua obra.
Ganhei o dia. Esse breve encontro me deu um alento diante da situação de pobreza ética e de conhecimento que vivemos hoje.
Essa experiência para mim comprovou que a escola tem, sim, que ser um espaço de reflexão e debate de ideias. E os professores, tão desvalorizados, têm um papel fundamental neste processo de formação do pensamento crítico da nossa sociedade
Facebook Dulce Pandolfi
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