Esta é uma história que aconteceu há pouco tempo para os lados do Nordeste, lá no Ceará e, como toda boa história, os nomes dos personagens é o que menos importa. O advento da criação do seguro-desemprego para os pescadores, o Bolsa Família e outras bolsas distribuídas pelo governo, teve como consequência que alguns microscópicos negócios, digo empresas, ganharam fôlego e começaram a crescer, já que as famílias podem contar, todo mês, com a sagrada ajuda governamental.
Numa cidade pequena, o cabaré da Dona Marília era um dos prestadores de serviços da localidade que prosperou. A clientela aumentou e, com a badalação da casa, ela quis reformar e fazer um “puxadinho”, para oferecer mais conforto às moças e aos clientes.
Acontece que o terreno em que o cabaré estava instalado era muito próximo de um templo da Igreja Universal, resultando em conflitos entre Dona Marília e os pastores e fieis da igreja. Estava armada a confusão! De um lado, a nordestina arretada iniciou as obras da reforma e seguiu com o projeto para a ampliação da casa de diversão. Do outro os fiéis, indignados, iniciaram uma tórrida campanha de oração para impedir que a reforma continuasse e o pecado da luxúria tomasse conta da cidade.
Uma semana antes da inauguração, a reforma praticamente finalizada, a tragédia se abateu sobre o cabaré. Durante uma forte tempestade um raio atingiu a casa, provocando um grande incêndio que destruiu a maior parte da construção, deixando Dona Marília desolada. Satisfeitos e radiantes com a vitória e com o poder das orações, o pastor e os fiéis da igreja proclamavam, por toda a cidade, o que conseguiram com as rezas invocando o poder de Deus.
O caso foi parar na Justiça. Dona Marília, indignada com o ocorrido, processou a igreja e o pastor, alegando que eles e toda a congregação foram os responsáveis pela ruína de sua empresa. A igreja se defendeu, negando a participação e a responsabilidade com o incêndio provocado pelo raio.
Uma semana antes da inauguração, a reforma praticamente finalizada, a tragédia se abateu sobre o cabaré. Durante uma forte tempestade um raio atingiu a casa, provocando um grande incêndio que destruiu a maior parte da construção, deixando Dona Marília desolada. Satisfeitos e radiantes com a vitória e com o poder das orações, o pastor e os fiéis da igreja proclamavam, por toda a cidade, o que conseguiram com as rezas invocando o poder de Deus.
O caso foi parar na Justiça. Dona Marília, indignada com o ocorrido, processou a igreja e o pastor, alegando que eles e toda a congregação foram os responsáveis pela ruína de sua empresa. A igreja se defendeu, negando a participação e a responsabilidade com o incêndio provocado pelo raio.
Como nunca passou por semelhante situação, o Juiz não sabe que decisão tomar e como irá julgar o caso, porque a dona do cabaré acredita com veemência no poder das orações e que as mesmas causaram o incêndio.
Já a igreja, com medo, nega o poder das próprias orações, o que significa que as mesmas não valem nada, porém, grande quantidade dos moradores da cidade são testemunhas que o pastor dizia que foram as orações e o poder de Deus que acabaram com o cabaré do pecado.
Não sei dizer se foi a história que criou os personagens ou se foram os personagens que a criaram. Ouvi esta semana e, seja verdade ou mentira, quis dividi-la com vocês, depois de muito pensar acerca dos demais envolvidos e prejudicados, que são os clientes e as fornecedoras do serviço. Os clientes não têm um SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) onde reclamar por terem sido lesados. As moças não terão seguro-desemprego.
Não sei dizer se foi a história que criou os personagens ou se foram os personagens que a criaram. Ouvi esta semana e, seja verdade ou mentira, quis dividi-la com vocês, depois de muito pensar acerca dos demais envolvidos e prejudicados, que são os clientes e as fornecedoras do serviço. Os clientes não têm um SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) onde reclamar por terem sido lesados. As moças não terão seguro-desemprego.
Para alguns, as noites serão mais tristes, sem o aconchego de peitos e bundas pago com as bolsas que erradicam a pobreza. Para outros, a vida volta a ficar em paz, porque o Mal foi queimado.
É assim mesmo, é da vida e, quem sabe, qualquer dia desses, alguém ouça como tudo acabou e se Dona Marília deu a volta por cima, provando que é realmente uma empreendedora.
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* Elyandria Silva é escritora, autora de “Labirinto de Nomes” (Moleskine, 2012), “Fadas de pedra” (Design Editora, 2009, Contos) e de “Um lugar, versos e retalhos” (Design Editora, 2010, poesia). Escreve para o Correio do Povo e tem textos publicados nas coletâneas “Contos jaraguaenses” (Design Editora, 2007), “Jaraguá em crônicas” (Design Editora, 2007), “Palavra em cena” (Design Editora, 2010, Dramaturgia), “Preliminares” (Sesc, 2009, Contos e Poesia) e “Mundo infinito” (Design Editora, 2010, Contos). Na RUBEM, escreve quinzenalmente às terças-feiras.
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* Elyandria Silva é escritora, autora de “Labirinto de Nomes” (Moleskine, 2012), “Fadas de pedra” (Design Editora, 2009, Contos) e de “Um lugar, versos e retalhos” (Design Editora, 2010, poesia). Escreve para o Correio do Povo e tem textos publicados nas coletâneas “Contos jaraguaenses” (Design Editora, 2007), “Jaraguá em crônicas” (Design Editora, 2007), “Palavra em cena” (Design Editora, 2010, Dramaturgia), “Preliminares” (Sesc, 2009, Contos e Poesia) e “Mundo infinito” (Design Editora, 2010, Contos). Na RUBEM, escreve quinzenalmente às terças-feiras.
Rubem
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