Até mesmo para as mais ricas? Sim. Obviamente os que têm mais irão contribuir para que elas próprias e todas as demais venham a receber. Que vantagens há?
Primeiro, é muito mais fácil de compreender que todas as pessoas tem o direito de receber igual quantia. Segundo, assim eliminaremos toda e qualquer burocracia envolvida em se ter que saber quanto cada um ganha no mercado formal, por exemplo, na carteira de trabalho, ou informal, em qualquer atividade que se exerça e pela qual se receba um pagamento, como a de tomar conta do automóvel na rua. Terceiro, eliminamos o fenômeno da dependência que acontece quando há um sistema que diga: quem não recebe até certo patamar tem o direito de receber tal complemento. E a pessoa está por decidir se vai ou não realizar aquela atividade. Mas se a fizer, receber aquele tanto e aí o governo lhe retira parte do que recebeu naquele programa, então a pessoa pode vir a desistir de fazer aquela atividade e entra na armadilha da pobreza ou do desemprego. Mas se todos começarmos da RBC em diante, sempre haverá o estímulo ao progresso.
É do ponto de vista da dignidade e da liberdade do ser humano que teremos a maior vantagem da RBC. Para aquela jovem que, por falta de alternativa para dar o alimento aos seus, resolve vender o seu corpo; ou para aquele jovem, que pela mesma razão, resolve ser membro de quadrilha de narcotraficantes, o dia que houver a RBC para si e para todos na sua família, esta pessoa vai ter o poder de dizer não àquela única alternativa que lhe surge pela frente, mas que vai ferir a sua dignidade ou colocar a sua vida em risco. Vai poder aguardar um tempo, quem sabe fazer um curso, até que surja uma atividade mais condizente com a sua vocação, a sua vontade. Por isto é que a RBC elevará o grau de dignidade e liberdade real das pessoas.
Pelo voto consensual de todos os partidos o Congresso Nacional aprovou, e o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, em 8 de janeiro de 2004, a Lei 10.835/2004, que instituirá, por etapas, a critério do Poder Executivo, a RBC, iniciando-se pelos mais necessitados, portanto, como o faz o Programa Bolsa Família, que pode ser visto como um passo na direção da Renda Básica de Cidadania.
Informações mais completas podem ser encontradas no livro; “Renda de Cidadania. A Saída é pela Porta”, de Eduardo Matarazzo Suplicy, Editora Fundação Perseu Abramo e Cortez Editora, 1ª edição 2002, hoje na 7ª edição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário