Deputados analisam internação compulsória |
Um texto atribuído ao médico Arruda Bastos, ex-secretário de
Saúde do Ceará e um dos coordenadores do Movimento Médicos pela Democracia,
pede a interdição do ministro interino da Saúde, Ricardo Barros (PP);
“Conclamo, mais uma vez, todas as entidades defensoras do SUS para, em uma
grande corrente nacional, solicitarmos, antes que seja tarde, a saída do
ministro da Saúde, Ricardo Barros, com base na sua total falta de condições
técnicas e até psicológicas para gerir tão importante pasta”, diz
“Conclamo, mais uma vez, todas as entidades defensoras do
SUS para, em uma grande corrente nacional, solicitarmos, antes que seja tarde,
a saída do ministro da Saúde, Ricardo Barros, com base na sua total falta de
condições técnicas e até psicológicas para gerir tão importante pasta. “Ele é
um sem noção”, resume.
Abaixo o texto:
Ação de interdição urgente para o Ministro da Saúde,
Por Arruda Bastos*
O Ministro interino da Saúde, Ricardo Barros, desde que
assumiu o cargo vem tomando atitudes e fazendo declarações dignas de indivíduo
fadado à interdição judicial. Como sou médico e ainda não conclui meu curso de
Direito, para escrever este artigo consultei amigos advogados para
aprofundar-me no tema da interdição. Para ilustrar, através da intitulada “ação
de interdição”, uma pessoa será declarada incapaz para os atos da vida civil,
sendo nomeado um curador para auxiliá-la. A incapacidade no Brasil ocorre por
dois critérios: objetivo, pela idade; e subjetivo, pelo psicológico.
Para ser declarada incapaz, a pessoa deve ter dificuldade
para compreender as consequências de suas ações e decisões. Infelizmente, é o
caso do nosso Ministro. Ele é um sem noção. O Ministro se enquadra em todos os
pré-requisitos, senão vejamos: quando assumiu o cargo, não parecia um Ministro,
mas sim um macaco em casa de louça, fomentando a desconstrução do SUS. Logo
depois, encampou a proposta de reduzir recursos para o Sistema publico de Saúde
através de tetos para saúde, que é um crime. Ao se posicionar no combate ao
tabagismo, foi contra parecer técnico do ministério de padronizar as embalagens
das carteiras de cigarro. Falei, na ocasião, que tinha dúvida entre ele ser um
Ministro ou Ministério da Saúde.
Os motivos para pedir sua interdição não param por aí.
Recentemente, passou a defender planos de saúde sem coberturas definidas pela
ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar, como sendo uma medida salvadora do
SUS. Escrevi que Ricardo Barros era o coveiro do SUS com seus planos de saúde
de “H”. Na última semana, na Câmara dos Deputados, declarou que não iria
trabalhar por mais recursos para a saúde, alegou não poder contrariar Temer e
sua equipe econômica. A obrigação de um Ministro é defender sua pasta,
inclusive solicitando mais recursos, quando necessário.
A gota d'água para minha tese exagerada de interdição foi
sua mais recente pérola: o problema do SUS é que o brasileiro inventa doença
para fazer exames e pegar remédios. Pela cabeça do Ministro, nossa população é,
em grande parte, masoquista, adora fila de posto de saúde e come medicamentos
como farinha. O pronunciamento do Ministro da Saúde, Ricardo Barros, aconteceu
na sexta-feira, dia 15 de julho, e vou repetir, uma vez que é muito difícil de
acreditar no que afirmou: a maioria dos pacientes que procuram atendimento em
unidades de saúde da rede pública apenas se imagina doente, mas não está. De
acordo com ele, é cultura do brasileiro só se satisfazer com exames e
medicamentos.
A culpa do (mal) funcionamento do SUS agora é da população!
Como diz o provérbio português, durma com um barulho desses. Com afirmações
como essas fica fácil defender a tese de que o Ministro não está no gozo de
suas faculdades mentais perfeitas. Precisamos urgentemente substituir o
Ministro da Saúde antes que maiores danos sejam cometidos. É uma questão de
segurança sanitária. Uma pasta como a da saúde não pode padecer com atitudes
totalmente contrárias à nossa Constituição, que definiu saúde como direito de
todos e dever do Estado.
A imprensa golpista já se manifestou falando da folha
corrida do Ministro e da sua total incompetência para o cargo. Em editorial
Proposta infeliz de 10/06/16, o Estadão tratou do assunto. Conclamo, mais uma
vez, todas as entidades defensoras do SUS para, em uma grande corrente
nacional, solicitarmos, antes que seja tarde, a saída do Ministro da Saúde,
Ricardo Barros, com base na sua total falta de condições técnicas e até
psicológicas para gerir tão importante pasta. SUS, nenhum direito a menos.
*Arruda Bastos é médico, especialista em gestão em saúde,
professor universitário, ex-Secretário da Saúde do Estado do Ceará e um dos
Coordenadores do Movimento “Médicos pela Democracia”.
Brasil 247
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