quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Poder de Exceção mantem "normalidade democrática" e não enfrentamento da problemática social (LJO)

(sem título)
Cunca Bocayuva

Na véspera das eleições existe um jogo que se repete, entre cobrança de taxas e delimitação de circulação em áreas controladas, operações policiais de pressão e de intensidade e visibilidade midiática, provocações e ações concertadas que reafirmam os jogos de guerra e a política do medo.

Nesses processos se reafirmam os poderes despóticos e de exceção e, coincidentemente as forças que controlam o poder de polícia articulam as formas de ocupação e as mensagens de garantia de políticas de proteção, combinadas ou não com o envio da Força Nacional ou a presença ostensiva das FFAA.

No caso do Rio de Janeiro esse processo é repetitivo, demonstra como é possível manter "a normalidade e a ordem democrática" com a reprodução dos discursos de pacificação e as lógicas de não enfrentamento da problemática de direitos sociais, urbanização, políticas de juventude, nova política e legislação sobre drogas e reforma da polícia/desmilitarização/unificação/carreira/padrão operacional.


O direito à cidade se torna a mais evidente das plataformas de unificação das lutas por direitos e da definição de uma nova economia de bens públicos, que se concentra no primado das qualidade de bens e serviços onde formas de economia mista, que incluem o cooperativismo popular/economia solidária são essenciais. Onde transporte, energia, cultura, saneamento, saúde e moradia se interligam nas formas de organização orientada pela justiça sócio-ambiental.

Na crise da representação é preciso retomar criticamente as raízes do modo petista de governar, da radicalidade democrática e das reformas fortes (ligadas ao processo de contenção da pressão mercantil e especulativa sobre o solo urbano e rural e sobre as bacias hidrográficas).

O modelo de reprimarização da economia orientado para a exportação subordinada aos mecanismos financeiros e de endividamento, o padrão de crescimento orientado para o consumo de massas devem ser interligados com novas políticas de consumo coletivo, de sustentabilidade na via do acesso e dos direitos de informação, comunicação e conhecimento.

A redução do custo Brasil está ligada ao processo de ruptura com a concentração de renda, com o modelo de nova dependência, com os custos que afetam os direitos à vida de mulheres (pela via dos direitos reprodutivos e da afirmação da agenda da igualdade) de jovens das periferias, das maiorias segregadas por etnia e racismo, e do fim da sociedade do ciclo perverso de encarceramento, tortura, extermínio, apartação e segregação social e espacial.

Basta pensar em quanto custa o transporte, a saúde e a educação, basta pensar em quanto custa encarcerar, basta pensar em quanto custa exportar soja e aço, basta pensar em quanto custa deixar de avançar no saneamento.

Outra agenda e outras lutas dependem de um movimento para a esquerda cuja lógica de defesa do comum coloque a exigência de uma economia mista orientada pela produção de infraestrutura e de bens públicos, a partir da mobilização e afirmação imediata de ações de estado e governo orientadas por um planejamento participativo com base nas resoluções das conferências nacionais de políticas públicas, complementada pela urgência de uma ação coletiva de proteção e gestão das bacias hidrográficas e das políticas de juventude integradas por cultura, educação, esporte e modos de associação, assim como de desarmamento.

Até sexta-feira vou usar e abusar do espaço de interlocução via FB e e-mail.
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