quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Bandido Bom é Bandido Morto. ??


Amor, solidariedade, humanismo e razão: as armas para vencer a eleição

Christian Lindberg *

O último debate televisivo, ocorrido na TV Globo, no último dia (2) serviu como balão de ensaio para o que virá.

Da parte de Dilma, toda vez que o tucano mencionava o tema da corrupção, a presidenta citava os diversos escândalos de corrupção ocorridos na gestão FHC. Quando Aécio falava que o programa bolsa-família foi feito com base nos programas de transferência de renda que existiram durante o governo FHC, a candidata a reeleição contrapunha com o alcance do bolsa-família, algo em torno de 14 milhões de famílias ou 55 milhões de pessoas.

Da parte do candidato tucano, toda vez que Dilma comparava a “Era FHC” com a “Era Lula/Dilma” no quesito combate a inflação, o peessedebista refutava com os dados da herança que o PSDB pegou da época da hiperinflação. No item privatizações, Aécio mencionou as concessões de algumas rodovias federais e de alguns aeroportos promovidas pelo governo Dilma.


Percebe-se que há a possibilidade de os dois candidatos parecem iguais para do eleitor. Falo em possibilidade porque a realidade impõe grandes diferenças entre os dois projetos em curso.

Do ponto de vista econômico, penso que a melhor solução para o confronto de ideias é considerar o período da crise mundial. O que o PSDB fez diante delas? E o governo petista?


Lembro que FHC foi 3 vezes para pedir socorro ao FMI. De igual modo, lembro que no auge da crise de 2008, os tucanos de alta plumagem propunham a receita neoliberal para o país sair dela: arrocho fiscal, corte nos investimentos públicos, controlar o consumo através dos juros altos e da redução do poder de compra do trabalhador.

Já nos dois governos do PT, viu-se o aumento do investimento público para gerar emprego, valorização do poder de compra do trabalhador, aumento do crédito e redução dos impostos para incentivar o consumo e o investimento privado. São as chamadas medidas anticíclicas.

Do ponto de vista social, os dois modos de governar são bem distintos. Primeiro é preciso denunciar a fragilidade das políticas sociais tucanos, que atingiam poucas pessoas e não solucionavam os problemas existentes. Em seguida, é difundir o alcance e a eficácia dos programas sociais do governo Dilma, dizendo que o Brasil caminha para universalizar os direitos básicos para todos os cidadãos.

Do ponto de vista cultural, temos que deixar nítido para a população que o atual governo foi quem mais combateu a corrupção. Além disso, é preciso dizer que os governos tucanos foram os que mais utilizaram o Estado para benefício próprio. Exemplos não faltam.

Contudo, uma questão precisa ser observada. Durante os últimos 12 anos, uma parcela da população que já não votava na esquerda e uma parte das camadas médias dos grandes centros urbanos virou o que vou chamar de zumbis. Não há racionalidade, solidariedade e humanismo que possa convencê-los. Esses setores converteram-se em militantes do ódio, da intolerância e da barbárie. É a turma que, grosso modo, vocifera em bom tom: “bandido bom é bandido morto.”

Penso que a campanha no segundo turno precisa ser pautada pela solidariedade, pelo amor ao próximo, pela racionalidade e pelo sentido de união nacional. Embora sejam questões subjetivas e carregadas de sentido, é a melhor arma que temos para derrotar a política camicase dos zumbis e impormos a quarta derrota aos neoliberais tupiniquins. Esses são os nossos valores morais que precisamos expor.

Enfim, como toda boa eleição só ganha quem tem mais votos, então é preciso converter o discurso e a prática política em voto na urna. Pode soar como pragmatismo eleitoral, mas também não podemos arriscar o futuro do país em nome de um pseudo-romantismo.

Para tanto, é bom lembrarmos que Dilma teve 8,3 milhões de votos a mais que Aécio Neves no país inteiro, mesmo o tucano tendo 4 milhões de votos a mais que a candidata petista em São Paulo.

Dilma precisa chegar a casa dos 60 milhões de votos para ganhar, ou seja, agregar mais 15 milhões de votantes para a sua cesta de votos. Para que isso ocorra, é preciso ganhar os eleitores de Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV), Mauro Iasi (PCB), Rui Costa (PCO), José Maria (PSTU) e metade dos eleitores de Marina Silva (Rede/PSB). Isso implica que é possível acenar com ideias mais democráticas e socialmente inclusivas.

Outro fator que precisa ser considerado é que 38 milhões de eleitores não compareceram para votar ou votaram em branco/nulo. É provável termos uma redução neste número por conta da polarização, mas tenho dúvidas se essa alteração será significativa. De qualquer modo, é bom ficarmos atentos.

O confronto não será fácil. O nosso exército é grande e capaz de reverter situações adversas. Temos a história e a realidade do nosso lado. Venceremos.

* Ex diretor da UNE,ex consultor do MEC, Mestre em Educação pela UFS, faz doutorado em Filosofia da Educação na UNICAMP

Vermelho

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