sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Liberdade, autonomia e precariedade
Como transformar precariedade em autonomia? A questão decisiva para pensarmos o precariado, o cognitariado, os autônomos, os free lancers, os sem seguridade e sem direitos trabalhistas, sem salário ou rendimentos fixos, ou seja a nova força do capitalismo pós-fordista. Ótima síntese do Clayton Nobre de um dos principais pontos que propus para o debate na Audiência Pública em Brasilia sobre o Fora do Eixo e Mídia NINJA. Essas duas experiências são radicais na disputa e invenção das linhas de fuga e saídas da proletarização e exploração dos cérebros, pois são a própria expressão das contradições, desafios e mutações no trabalho imaterial, apontam para as novas psicopatologias do capitalismo cognitivo, mas também inventam e experimentam saídas, novas liberdades, velocidades, prazeres e potências dessa disputa. Para os que estão abertos a pensar as mutações!
Alguns lampejos que me ficaram na cabeça depois do ótimo debate de ontem pela Comissão de Cultura na Câmara dos Deputados. Entre as várias provocações, destaco as da Ivana.
A juventude brasileira e seus principais desejos ainda são uma incógnita na percepção do Estado e de diversos intelectuais do país. Ainda tem gente (muitos tidos como brilhantes!) confiando no caminho traçado pelo modelo de economia industrial, do jovem que cursa faculdade, consegue emprego, assina carteira, tem os direitos assegurados pela CLT, etc. O jovem que fugiria desse sistema formal de trabalho e aprendizagem está na margem de um planejamento público e do desejo das autoridades.
Acontece que essa não é a realidade do Brasil hoje. A exceção virou regra. O jovem percebeu que liberdade e autonomia se conquistariam muito mais pela via da precariedade. A juventude brasileira é FREElancer, de fato. Da mesma forma que o ativista, ele produz e atua na medida de suas vontades, sem limitações burocráticas de espaço e tempo. Ele quer fugir do assujeitamento e da relação patrão-empregado do sistema de uma economia fabril. E esse jovem que se move na velocidade dos seus desejos, apropria-se das tecnologias que estão mão, atua por um ideal, tem aprendido muito mais nesse fluxo de vivências de formação do que preso nos 4 anos de faculdade. O que mata é que muitos jovens se perdem pela falta de um financiamento (reconhecimento) público para garantir a sua sustentabilidade nesse esquema. E aqueles coletivos que conseguem manejos para garantir suas próprias ferramentas de autossustentabilidade são criminalizados pelo mesmo Estado. É pra pensar mesmo!
Cleiton nobre
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