Wagner Braga Batista
Enquanto franquias religiosas louvam o aumento do dizimo, empreendedores paulistanos deploram a elevação do salário minimo. Temerosos, fogem em massa para Miami e paraísos fiscais. Ignoram o preço de seus vistosos automóveis, o custo da gasolina e se lançam neste deserto ideológico no qual a fuga é o único remédio.
Antes de iniciar a árdua travessia, denunciam cercas, importadas de Cuba, dispostas ao longo da rota de fuga. Dizem-se aterrorizados com novos e robustos Muros da Vergonha. Os muros que cercam Gaza, Guantánamo e a Califórnia em São Paulo. Os Muros de Pedágios, privatizados, não se sabe por quê. Pelas subterrâneas caixas dois de Metrôs paulistas, construídas não se sabe quando e por quem. Certamente foram erguidos pelo Foro de São Paulo para tolher a liberdade de ir e vir.
Protestam contra policiais bolivarianos que rasuram seus passaportes, achacam empresários e cobram propina para o PT, camuflados de agentes do PSDB. No lento percurso para a liberdade deixam cair pela estrada seus saudosos registros de heroico passado nativista: dentes de índios capturados, amuletos de negros escravizados nos cafezais, restos mortais de milhões de nordestinos acidentados na edificação de sua exuberância.
Sem tempo para acomodar sua volumosa bagagem, deixam para trás a arrogância de seus ancestrais, as máquinas de truculência de suas elites, as infâmias e mentiras publicadas em jornais de suas oligarquias, o peculato de seus governantes, caixas e caixas de discriminação e ódio acumulados contra a pobreza. Fogem da crise que plantaram nas áreas nobres, nos jardins e alamedas reservados, nos monumentos em sua glória, na exclusão social e no lixo lançados nas periferias.
Em Miami, Ubatuba, Bertioga, Praia Grande, Guarujá, Santos ou Peruíbe sentir-se-ão felizes. Começarão tudo de novo. Predação, exploração, embuste e ranço, destinado a todos que oprimem.
Quem sabe seus filhos voltem após o final de semana, da ressaca ou do ressentimento. Retornem em outro tempo para semear uma nova e auspiciosa sociabilidade que todos necessitamos em nosso país.
Torço para que coxinhas não se rendam a suas vocações. Têm talento e não podem ceder às pulsões primárias: ser devorados, sofregamente, em botequins de São Paulo.
Vocês também têm futuro. Vocês também têm lugar numa sociedade que não nivele seres humanos pelo poder aquisitivo, pela cor da pele, pela opção política, pela preferencia sexual, pela vocação religiosa, entre tantas outras escolhas.
Queremos um país onde todos possam ser igualmente felizes. Sem embustes, safadezas, corrupção, arrogância, ranços, discriminações e desigualdades sociais.
QUEREMOS QUE TODOS POSSAM MULTIPLICAR DEMOCRATICAMENTE SEUS DIREITOS COLETIVOS.
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