segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Contra colonização criminosa israelense da Palestina
Brasil protela aceitação de embaixador israelense
Brasil acerta ao protelar aceitação de embaixador israelense, diz palestino
Diogo Bercito
As autoridades palestinas têm acompanhado o atrito diplomático entre Israel e Brasil em relação à nomeação do próximo embaixador israelense no país. A decisão de postergar a aprovação de Dani Dayan é entendida como "respeito à lei internacional". "Dani Dayan é um colono ilegal cujo trabalho tem sido justificar a colonização criminosa israelense da Palestina", disse à Folha Saeb Erekat, secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina.
"Recebemos sua nomeação como a reafirmação do comprometimento israelense com a colonização."
Dayan foi indicado por Israel em agosto ao posto de embaixador no Brasil. Até agora seu nome não foi aprovado pelo Itamaraty – o novo embaixador argentino, indicado dia 12, teve o nome aprovado em três dias. Há uma série de controvérsias envolvendo Dayan, que presidiu de 2007 a 2013 a representação dos assentamentos judaicos na Cisjordânia.
O território é ocupado por Israel desde 1967, a despeito da crítica internacional. Por isso, sua escolha atraiu críticas mesmo dentro de Israel, sobretudo da esquerda. Para Erekat, "o Brasil perderia credibilidade se aceitasse crimes de guerra, apartheid e colonização" –que, na visão do secretário-geral, "é o que Dayan representa".
A questão diplomática, afirma, é bilateral e não envolve as autoridades palestinas. Mas Erekat ressalta que a atitude brasileira é importante para que Israel "entenda a mensagem de que não irá continuar a ser tratado como um Estado acima da lei". "O Brasil é um país que respeita a lei internacional", diz.
"Ninguém pode negar o papel que o Brasil teve na criação do Estado de Israel, assim como ninguém pode negar o comprometimento brasileiro em terminar com a ocupação israelense."
ASSENTAMENTOS
Sem formalizar o "não", o governo brasileiro posterga a aprovação de Dayan até Israel propor outro nome, o que é alvo de debate em círculos diplomáticos israelenses. A forma da nomeação fugiu do protocolo e causou desconforto –o governo israelense anunciou a escolha em uma rede social antes de comunicar Brasília e fez gestões extraoficiais para apressar a aprovação de Dayan.
A presença de colonos nos territórios da Cisjordânia é entendida por analistas como um entrave às negociações de paz. Há cerca de 500 mil colonos no território, incluindo Jerusalém Oriental. "É por causa de pessoas como Dayan que não temos negociações", diz Erekat.
O novo atrito diplomático se soma a uma lista recente entre Brasil e Israel. Desagrada diplomatas israelenses, por exemplo, o apoio dado pelo Brasil às autoridades palestinas e a tentativa de mediar, com o governo turco, um acordo nuclear com o Irã.
Em 2014, durante o conflito entre Israel e a facção radical palestina Hamas na faixa de Gaza, o governo brasileiro convocou seu embaixador em Tel Aviv para consultas, uma forma de protesto. Na época, a Chancelaria israelense chamou o Brasil de "anão diplomático". Questionado se, para os palestinos, o país é diminuto, Erekat tergiversou. "Não vamos agir como o provocador da região."
Defesanet
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