A sanha golpista recrudesceu neste início de setembro. Embalada por fatos como a perda do grau de investimento do Brasil segundo classificação da agência de risco Standard & Poor’s, no último dia 9, as forças de direita apostam no caos para conquistar o que as urnas lhes negam há quatro eleições consecutivas.
Não importa, no caso, que a citada agência tenha sido condenada por fraude em seu próprio país. Ou mesmo que muitos economistas não levem em consideração seus desacreditados prognósticos. Ou ainda que o capitalismo esteja atravessando uma das piores crises de sua história. A única coisa que conta para os golpistas é tentar levar ao paroxismo o ataque à figura da presidenta da República, no que contam com o poderoso apoio de uma mídia facciosa e descompromissada com os interesses nacionais.
E novos fatos, visando jogar mais água no moinho do golpe, podem estar sendo gestados, como seria o caso de uma injustificável rejeição, pelo TCU, das contas do governo Dilma.
Como é inevitável, esta ofensiva conservadora vem acompanhada de uma inflexão cada vez mais à direita de setores que antes estavam situados mais próximos ao centro do espectro político.
Em nome da obsessão em atingir o poder central de qualquer forma, figuras com algum passado democrático alinham-se aos que defendem a tortura, aos que pregam um golpe militar, aos que transpiram preconceitos de toda espécie, vociferados em epítetos de ódio cada vez mais comuns.
Até o Supremo Tribunal Federal (STF) serve atualmente de palco a espetáculos desta natureza, como vimos durante o julgamento da ação sobre financiamento de campanha, nesta quarta-feira (16), quando o ministro Gilmar Mendes proferiu uma prédica que seria vergonhosa em qualquer ambiente, mas que partindo de um magistrado da nossa mais alta corte, em plena sessão, causa estupefação aos democratas, mas não ainda a reação necessária a tal despautério.
Por mais que alguns golpistas neguem e se proclamem democratas, suas atitudes são de claro compromisso com o que existe de mais atrasado e obscurantista na sociedade brasileira.
No golpe militar de 1964, oportunistas desta espécie também faziam juras de amor à democracia, e o final da história todos conhecem.
A atual estratégia golpista, embora por caminhos e métodos diferentes do movimento que implantou o regime militar, também é o de solapar a democracia para em seguida atacar os direitos sociais, a soberania nacional, a integração da América Latina e, não se enganem os incautos, mesmo as liberdades civis mais comezinhas estarão ameaçadas se o poder central for empolgado pela poderosa aliança entre a direita e os veículos da mídia hegemônica.
Pois neste cenário, os desmandos daqueles serão acobertados por estes, reeditando o que tantas vezes aconteceu na trajetória da nação e ainda acontece em regiões onde o PSDB e seus satélites governam.
Fica claro, portanto, que qualquer outra atitude que não seja a defesa intransigente do legítimo mandato da presidente Dilma, é cegueira política.
Tal compreensão vem mobilizando cada vez mais amplas parcelas da sociedade.
A resolução da Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), aprovada no dia 14 (segunda-feira), faz a seguinte conclamação: “O PCdoB, nesta hora em que paira sobre a Nação brasileira essa ameaça de retrocesso, renova o chamamento a todos que têm a democracia como um dos bens mais preciosos da Nação para que se unam, para que lutem para preservá-la, tendo como condição primeira a garantia de que a presidenta Dilma Rousseff conclua, conforme determina a Constituição, o seu mandato em 2018”.
Momento fundamental desta luta será o dia 3 de outubro, data em que a Petrobras completa 62 anos.
Neste dia, a recém-organizada Frente Brasil Popular, que reúne forças de esquerda, movimentos sociais, artistas e intelectuais, programou uma agenda de mobilizações de massa, tendo como primeira palavra de ordem a defesa do mandato presidencial de Dilma Rousseff.
Assim como no dia 20 de agosto, que representou um valioso momento de resistência democrática, no dia 3 de outubro veremos de novo nas ruas todos os rostos e cores que formam o miscigenado povo brasileiro se encontrarem, em defesa da Petrobras, dos direitos sociais, e das bandeiras da democracia e do progresso.
Como asseverou a presidenta do PCdoB, deputada federal Luciana Santos: “Não vamos aceitar golpe. Esse país vai entrar num processo de conflagração e nós estaremos na trincheira, defendendo o legado de um projeto para o país que democratizou na prática e garantiu avanços significativos na vida das pessoas”.
Será fundamental, na luta para afastar do horizonte as nuvens cinzentas do golpe e da ofensiva conservadora, construir de forma exitosa o dia 3 de outubro quando, como diz o poeta, o país vai “cantar a evolução da liberdade / até o dia clarear”.
Vermelho
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