sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Movimentos discutem futuro da Plataforma pela Reforma do Sistema Político


Cristina Fontenele
Depois de 10 anos da criação da Plataforma pela Reforma do Sistema Político, movimentos sociais se reúnem nestas quinta e sexta-feira, 27 e 28 de agosto, para discutir o futuro da entidade. O encontro está sendo realizado em São Paulo, e deve analisar as propostas de reforma política recentemente aprovadas na Câmara dos Deputados, a chamada contrarreforma, e avaliar as duas grandes campanhas apoiadas pela Plataforma: Projeto de Lei Iniciativa Popular da Reforma Política e a realização de Plebiscito Constituinte.


À Adital, José Antonio Moroni, do colegiado de gestão do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), esclarece que o encontro é um momento para um balanço político da sociedade civil sobre o que foi aprovado ou rejeitado pela Câmara dos Deputados; qual foi o posicionamento das bancadas e partidos; e o que ainda pode ser feito de incidência, principalmente no Senado Federal. Moroni explica que o parlamento brasileiro manteve o sistema político "intacto” e resolveu apenas o que era considerado "incômodo”, como, por exemplo, o financiamento privado das campanhas políticas.

Ele enfatiza que os últimos meses foram de debate "restrito”, com o interesse de dar legalidade à inconstitucionalidade do financiamento privado. Que é "a razão para estarmos nessa crise política. Temos um parlamento que não representa a sociedade”.

Antes da criação da Plataforma, as discussões políticas eram dissociadas da participação popular, e aproximar esta agenda da sociedade foi uma das grandes contribuições da entidade ao longo dos seus 10 anos de trabalho. É o que avalia Moroni. "A Plataforma entendeu que esse debate dizia respeito sim à sociedade, construiu uma proposta com cinco eixos e se comprometeu a trabalhar por 10 anos, realizando debates e incidindo sobre o Parlamento”. Passada uma década de atuação, com apoio a duas grandes campanhas - Iniciativa Popular e Plebiscito Constituinte – Moroni defende que ainda é preciso criar outros espaços políticos para ampliar as discussões. Ele antecipa também que a Plataforma deve continuar as atividades em um novo formato.

Sobre as expectativas futuras dos projetos em análise no Senado, Moroni acredita que a Casa não é muito diferente da Câmara dos Deputados, onde também circula o interesse em derrotar o governo, o PT (Partido dos Trabalhadores) e os movimentos populares. Porém, ele diz que a possibilidade de manobra do presidente do Senado, Renan Calheiros (Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB – Alagoas), é bem menos "vergonhosa, antiética e ilegal” do que a que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB – Rio de Janeiro), utilizou para aprovar os projetos de seu interesse.

Diante desse contexto, Moroni revela que a Plataforma pressionará o Senado. "Deve ser um processo mais longo, mais tranquilo e demorado, o que permitirá uma incidência política maior”.

A Comissão Especial da Reforma Política no Senado aprovou, na última terça-feira, 25, um Projeto de Lei para regulamentar o financiamento privado de campanha. A proposta limita a doação por empresa à quantia de R$ 10 milhões. Desta forma, cada partido poderá receber, no máximo, 25% da doação total da companhia, ou seja, R$ 2,5 milhões por pessoa jurídica.

Na visão de Moroni, a medida, no entanto, não terá grandes efeitos na prática, mantendo o sistema já existente. Segundo ele, se o Senado quisesse, de fato, limitar o financiamento, teria incluído a questão dos conglomerados. "Se tem um grupo que reúne 20 grandes empresas, cada uma poderá doar R$ 10 milhões, então continua a mesma coisa”, conclui.

Programação do encontro:

27 de agosto

9h – Abertura e apresentações.
9h30 – Análise das votações da reforma política na Câmara dos Deputados (o que foi aprovado, rejeitado, como as bancadas se comportaram) - Juliano Medeiros, assessor da bancada do PSOL [Partido Socialismo e Liberdade] na Câmara dos Deputados.
10h – Debate (reforma do sistema político eelementos da conjuntura: crise política, rearticulação de um campo de direita, mobilizações, respostas do campo democrático)
12h30 – Almoço
14h – Roda de conversa com avaliação das duas grandes campanhas (Iniciativa Popular e Plebiscito Constituinte) e as implicações para a Plataforma.
16h – Roda de conversa com apresentação e relatos sobre iniciativas:
- Radar da participação
- Iniciativa Popular pela democratização da comunicação (Intervozes)
- Apresentação dos resultados do seminário sobre a democratização do sistema de justiça (JusDh)
- Site da Plataforma
18h - Encerramento do dia


28 de agosto

9h - Resgate do dia anterior

10h - O futuro da Plataforma:

- Que avaliação fazemos dos 10 anos de existência da Plataforma?

- No que ajudamos na luta pela reforma do sistema político

- Quais foram os nossos limites e por quê?

- Depois de 10 anos e os diversos espaços criados ainda faz sentido existir a Plataforma?

- Se faz sentido continuar, com qual agenda, com quais prioridades, com qual formato?

12h30 – Almoço

14h – O que fazer? Que acordos construir? Com quem? Que agenda?

17h – Encerramento 




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Adital

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