Coroneis disputam comando da Paraíba: povão assujeitado |
A participação do governo da Paraíba na Revolução de 1930 foi basicamente entregar um cadáver para servir de alegoria. João Pessoa, quando vivo, nem concordava com a revolução, e muito menos participava das reuniões da chamada Aliança Liberal, que foi o movimento revolucionário. A morte dele não teve ABSOLUTAMENTE NADA a ver com esse contexto nacional. Foi uma briga pessoal que ele teve, aqui mesmo na Parahyba, com um outro João. E naquele tempo dava nisso: resolviam na bala!
João tinha chegado no governo apadrinhado pelo tio, Epitácio Pessoa. Seu nome também só apareceu nacionalmente porque Epitácio mexeu uns pauzinhos e botou ele como candidato a Vice Presidente na chapa de oposição, que perdeu feio nas eleições. Por aqui, ele já tinha arrumado um monte de inimigo. Até com parte da sua própria família, que morava em Recife, ele era brigado. E com ele não tinha boquinha não, perseguia mesmo, na moral.
O jornalista João Dantas era um de seus inimigos, e a briga com esse começou a virar esculhambação. Eles se trocavam publicamente, um escrevia para o seu jornal, e o outro tinha o jornal oficial do estado. Certo dia, João Pessoa - sem noção - mandou a Polícia invadir o escritório de João Dantas para ver se achava algum podre. Acabaram achando umas cartas íntimas e safadinhas da namorada de Dantas.
Não deu outra! O jornal A União, do Governo, começou a fazer inferno com essas cartas. Soltava todo dias uns trechos e fazia um fuzuê enorme chamando de imoralidades e indecência. Chegou até a colocar as cartas num mural da Polícia para quem quisesse passar e ler tudo.
A coisa foi ficando tão feia que João Dantas achou melhor ir morar em Olinda, mas não parou de falar mal. Tava tão puto que chegou a dizer que matava se o Governador botasse os pés em Recife. Quando João Pessoa soube disso, aí que ele quis ir lá mesmo ver se o outro tinha essa coragem, e ainda mandou noticiar essa sua viagem na imprensa. Se deu mal: levou 5 tiros em público, numa confeitaria.
Os cabeças da Aliança Liberal estavam reunidos no Rio Grande do Sul, aperreados sem saber o que fazer depois de ter levado de lapada nas eleições. Foi nessa hora que receberam a notícia da morte de João Pessoa. Aí algum marqueteiro teve a sacada: nada melhor do que um mártir para ressuscitar o movimento revolucionário, né não? Pois pegaram o cadáver e viajaram de cidade em cidade, exibindo o corpo e fazendo comício, numa campanha forçada de comoção nacional.
No pacotão dessa campanha, a Paraíba acabou perdendo não só o Governador, mas a bandeira do estado e ainda o nome da capital. Tudo para fazer de João Pessoa um herói nacional pela revolução - que na verdade foi um golpe militar.
Esse ano estamos completando 83 anos de luto. Tá na hora de a Paraíba rever sua história e retomar sua identidade e sua estima. Luto e sangue não representam a cultura do nosso povo. O NEGO não representa nossa história. João Pessoa não nos representa.
Maurílio Batista Facebook
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