segunda-feira, 25 de março de 2013

Dilma, a imbatível



A pedido de leitor: Dilma, a imbatível



Juremir Machado

Quem é mais sábio: o povo, que julga pelo real, ou a mídia, que julga pelo ideal? Quem é mais interesseiro: a massa, que avalia pelos benefícios que recebe, bolsa-família, ProUni, Minha Casa Minha Vida, cotas e outros do mesmo gênero, ou o empresariado e a turma dos camarotes, que só gostam de quem reduz impostos e empresta dinheiro barato? Essas questões aparecem com a divulgação da pesquisa sobre a popularidade da presidente Dilma.

O “poste” de Lula venceu o criador. Nem o ex-presidente petista nem FHC alcançaram 63% de bom e ótimo na avaliação das pessoas depois de dois anos de governo.

Os críticos de Dilma comparam o Brasil com um ideal jamais atingido ou com um mundo desenvolvido perfeito que também não existe mais. A população, com os pés no chão, compara o Brasil com o Brasil de antes. As suas conclusões são irrefutáveis: apesar dos problemas e do atoleiro econômico, nunca teve tanto pobre na universidade, jamais se teve uma classe C tão encorpada e nunca a maioria teve comida na mesa como agora. Os críticos de Hugo Chávez comparavam o governo dele com uma democracia ideal que nunca existiu no país. A plebe que adorava o Comandante e elegerá Maduro compara a Venezuela de hoje com a Venezuela de antes de Chávez. Por exemplo, a Venezuela da época de Carlos Andrés Perez. Só isso.

– Somos pragmáticos – foi o que me disse um pedreiro.

Achei que ele poderia fazer parte do Instituto Millenium. Esperei que me dissesse também que as ideologias acabaram e que não há mais direita e esquerda.

– Para nós, o pobrerio, a esquerda é que tem feito o que interessa. A nossa vida mudou depois de Lula e Dilma.

A dificuldade de entender Chávez, Lula e Dilma, para quem julga pelo ideal, cresce com a questão das prioridades. Os antecessores de Chávez, diante da falta de recursos para cobrir todas as necessidades, optavam por favorecer os mais ricos. O dinheiro do petróleo deveria ir primeiro para o “andar de cima”. A massa que esperasse o bolo crescer. Chávez inverteu a receita. Lula e Dilma também. Sempre que essa inversão acontece, quem perde grossas fatias passa a valorizar o que antes era visto como acessório: o formalismo da “democracia”. Os adeptos da ditadura de Pinochet não se preocupavam com a democracia por considerarem o crescimento econômico, distribuído em primeiro lugar para a parte de cima da tabela, um valor maior. O mesmo, pelo lado inverso, acontece na Venezuela. A população que finalmente passou a comer considera isso determinante. Melhor é o ideal.

Na falta do ideal, joga-se com o real. Dilma Rousseff tem dado um baile de gestão dentro das condições possíveis e dos limites da economia nacional atrelada à conjuntura internacional e mais a massa miojo e o hino do Palmeiras no meio da redação. Se a eleição fosse hoje, ela ganharia, por mérito e astúcia do eleitor, já no primeiro turno. Bateria Aécio, Serra, Marina, Eduardo Campos e até o pai do Badanha, que não concorrerá por não ser bobo e preferir um cargo no segundo escalão. Aceitaria também, em nome da governabilidade e dos altos interesses da nação, ser ministro.

Dilma está imbatível.

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