Bolsa Família contribui para queda da violência em São Paulo, diz estudo
Rede Brasil Atual
Jardim Ângela, São Paulo: região está entre as que apresentaram redução da violência associada ao Bolsa Família
São Paulo – Estudo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) feito na cidade de São Paulo associa a expansão do Bolsa Família na capital à queda da criminalidade. A redução da desigualdade proporcionada pelo programa federal é, segundo o levantamento, a principal causa para a redução da violência. As informações são do jornal O Globo.
O trabalho, feito para o Banco Mundial, comparou número de registros de ocorrência de vários crimes – roubos, assaltos, agressões, atos de vandalismo etc., de 2006 a 2009, em áreas de cerca de novecentas escolas públicas da cidade, antes e depois da expansão do Bolsa Família. Em 2008, o Bolsa Família, que até ali atendia a famílias com adolescentes até 15 anos, passou a incluir famílias com jovens de 16 e 17 anos.
“Comparamos os índices de criminalidade antes e depois de 2008 nas áreas de escolas com ensino médio com maior e menor proporção de alunos beneficiários de 16 e 17 anos. Nas áreas das escolas com mais beneficiários de 16 e 17 anos, e que, logo, foi onde houve maior expansão do programa em 2008, houve queda maior", explicou o pesquisador João Manoel Pinho de Mello.
Pinho de Mello citou números conclusivos sobre o impacto do Bolsa Família nos números da violência urbana em São Paulo. “Pelos cálculos que fizemos, essa expansão do programa foi responsável por 21% do total da queda da criminalidade nesse período na cidade, que, segundo as estatísticas da polícia de São Paulo, foi de 63% para taxas de homicídio.”
O motivo principal, dizem os autores, foi a queda da desigualdade causada pelo aumento da renda das famílias beneficiadas. “Há muitos estudos que ligam queda da desigualdade à queda da violência: uma, mais sociológica, é que diminui a insatisfação social; outra, econômica, é que o ganho relativo com ações ilegais diminui”, relatou Rodrigo Soares, co-autor da pesquisa (ao lado de Laura Chioda). “Outra razão é que muda a interação social dos jovens, ao terem de frequentar a escola e conviver mais com gente que estuda”, completou.
Ainda segundo a reportagem de O Globo, um dos principais pesquisadores do país sobre Bolsa Família, Rodolfo Hoffmann, professor de Economia da Unicamp, elogiou o estudo da PUC-Rio. “Há ali evidências de que a expansão do programa contribuiu para reduzir principalmente os crimes com motivação econômica. De 20% a 25% da redução da desigualdade no país podem ser atribuídos ao programa; mas há mais fatores, como maior valor real do salário mínimo e maior escolaridade.”
Tema amplo
A matéria aponta, porém, que para o coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federeal do Rio de Janeiro, Michel Misse, há outras razões para que a violência na capital paulista venha caindo, segundo ele, desde o fim dos anos 1990.
O professor elogiou iniciativas dos sucessivos governos estaduais, como a política de encarceramento maciça e a reforma da polícia nos anos 2000 e disse que o Bolsa Família não pode ser apontado como única razão para os números positivos sobre a violência na capital do estado. “Creio que, no caso do Bolsa Família, o que mais afetou a violência foi a criação de outra perspectiva para esses jovens, que passaram a ter de estudar.”
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