Jaldes Menezes
São três os processos, paralelos combinados, após o golpe do impeacheament de Dilma: 1) as "reformas" do Temer (previdência, trabalhista, etc.); 2) as eleições de 2018; 3) a operação lava jato. Quem dita a pauta (deitou e rolou antes do Impeacheament), o tempo e o ritmo, quem concentra mais recursos de força e condições de direção política, é o consórcio de poder mídia-judiciário-MPF.
Vejam: bem ou mal, as eleições e a disputa cruenta em torno de reformas neoliberais acontecem por competição de forças políticas na esfera pública. Enquanto isso, as ações do consórcio mídia-Judiciário-MPF sucede por operações incontroláveis de bastidores, típicas de Estado policial de exceção.
Por artes do realismo mágico da "miséria brasileira" (Marx), uma estranha aliança acabou se naturalizando: o amalgama, numa ponta, do mais importante e decisivo dos aparelhos privados de hegemonia (Gramsci), os mass-media, articulado a outra ponta, o sistema estatal de justiça.
Muitos são os efeitos danosos desta junção inusitada. Em primeiro lugar, a máfia da mídia, se torna inimputável em razão dos serviços prestados. Depois, os agentes da justiça se tornam um misto de heróis-celebridades, como se fossem simulacros de novos artistas pop.
A mídia brasileira, por vocação incultural, desde os tempos da ditadura, quase sempre funciona como picadeiro. A justiça (quem diria, Montesquieu?) transformou-se na mais atrativa das atrações circenses, embora esteja longe de ser uma diversão infantil.
Ao contrário, a inusitada aliança, que transformou o aparelho de justiça em agente de primeira grandeza diretamente politico, opera através do jogo pesado e realista da mais hobbesiana correlação de forças, da força bruta do poder antes da lei. Daí, não vai brotar nada que preste para a democracia, senão a ativação de vocações bonapartistas e saídas autoritárias.
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