André Singer, em artigo hoje na fsp, põe em guarda sobre os métodos usados na gravação da conversa de Temer pelo presidente da JBS. Gravações feitas sem autorização da justiça, o momento escolhido para o vazamento, etc. Penso que ele tem muita razão: não é porque o alvo agora é outro que devemos concordar com métodos antidemocráticos. A volta à legalidade democrática é um objetivo que não se presta a conciliações.
Temos mesmo assim, um fato político que vai marcar uma nova etapa na crise política. O executor das reformas antipopulares parece perder qualquer credibilidade política e até o apoio do empresariado. Corre também o risco de perder sua maioria parlamentar: para votar essas reformas a maioria dos parlamentares exigiu vantagens de cargos e dinheiro para si e seus apoiadores, mas contavam, sobretudo com a promessa de poderem se candidatar nas próximas eleições. Essa “salvação” não poderá mais vir do esquema Temer, bastante avariado. É por aí que Temer perde sua maioria parlamentar. Esses parlamentares, é claro, estão prontos a negociar seus votos para quem lhes prometa anistia.
A imprensa hoje dá bastante espaço para questionamentos sobre as gravações divulgadas. Ou seja, a admissibilidade jurídica das gravações – em particular nos trechos que se referem a Cunha – é questionada. Manchetes de ontem também a classificavam como inconclusiva. Para a população, além dos valores das propinas, o que mais choca é o clima de barraca de feira que caracteriza as ações da Presidência. A conversa toda é sobre golpes, manobras, entrega de propinas e o toma lá dá cá, como regra de ação presidencial. Se nomear o Bendine, ganha 40 milhões... Quantos já foram nomeados em troca de dinheiro nesse ano de governo Temer? Nesse mercado persa, o preço das nomeações deve estar hoje caindo e o dos votos parlamentares subindo numa presidência regida pela lei da oferta e da procura...
A essência da política do PMDB ficou claramente exposta à luz do dia, agora no gabinete presidencial. Os trâmites legais podem fazer Temer ganhar tempo, mas é, sobretudo a falta de acordo entre os golpistas que o sustenta. Votar as ditas reformas exige maioria parlamentar e esta depende de promessas de anistia às propinas, venda de votos e caixa dois. Nesta altura da guerra, não vejo possibilidade para tanto. Qualquer acordo nacional passa por eleições diretas, e nelas Lula seria eleito. Eleger um novo interino não dará sustentação política. Se parlamentar teria que não estar envolvido em investigações de corrupção. Não creio que o Jobim [nem outro “jurista” embarque numa canoa tão furada.]. Votar o que os empresários querem, navegar ente vazamentos e investigações, comprar deputados no atacado e varejo, e enfrentar a crescente oposição popular.
Para o empresariado, penso, está ficando claro que as reformas ultraliberais só passam anistiando deputados ou em regime de exceção. Um estado de exceção enfrentará forte oposição. Vc imagina um “salvador da pátria” enfiando essas reformas goela abaixo da população reformas via medidas provisórias? Hoje, só o povo da lava a jato poderia se arriscar nesse papel. E olhe lá. Mas sua contrapartida seria um processo judicial permanente no país e o distanciamento de qualquer de qualquer solução política, em particular eleições. É talvez um preço que o empresariado se dispõe a pagar. Cada vez mais gente, não.
Rene Facebook
Temos mesmo assim, um fato político que vai marcar uma nova etapa na crise política. O executor das reformas antipopulares parece perder qualquer credibilidade política e até o apoio do empresariado. Corre também o risco de perder sua maioria parlamentar: para votar essas reformas a maioria dos parlamentares exigiu vantagens de cargos e dinheiro para si e seus apoiadores, mas contavam, sobretudo com a promessa de poderem se candidatar nas próximas eleições. Essa “salvação” não poderá mais vir do esquema Temer, bastante avariado. É por aí que Temer perde sua maioria parlamentar. Esses parlamentares, é claro, estão prontos a negociar seus votos para quem lhes prometa anistia.
A imprensa hoje dá bastante espaço para questionamentos sobre as gravações divulgadas. Ou seja, a admissibilidade jurídica das gravações – em particular nos trechos que se referem a Cunha – é questionada. Manchetes de ontem também a classificavam como inconclusiva. Para a população, além dos valores das propinas, o que mais choca é o clima de barraca de feira que caracteriza as ações da Presidência. A conversa toda é sobre golpes, manobras, entrega de propinas e o toma lá dá cá, como regra de ação presidencial. Se nomear o Bendine, ganha 40 milhões... Quantos já foram nomeados em troca de dinheiro nesse ano de governo Temer? Nesse mercado persa, o preço das nomeações deve estar hoje caindo e o dos votos parlamentares subindo numa presidência regida pela lei da oferta e da procura...
A essência da política do PMDB ficou claramente exposta à luz do dia, agora no gabinete presidencial. Os trâmites legais podem fazer Temer ganhar tempo, mas é, sobretudo a falta de acordo entre os golpistas que o sustenta. Votar as ditas reformas exige maioria parlamentar e esta depende de promessas de anistia às propinas, venda de votos e caixa dois. Nesta altura da guerra, não vejo possibilidade para tanto. Qualquer acordo nacional passa por eleições diretas, e nelas Lula seria eleito. Eleger um novo interino não dará sustentação política. Se parlamentar teria que não estar envolvido em investigações de corrupção. Não creio que o Jobim [nem outro “jurista” embarque numa canoa tão furada.]. Votar o que os empresários querem, navegar ente vazamentos e investigações, comprar deputados no atacado e varejo, e enfrentar a crescente oposição popular.
Para o empresariado, penso, está ficando claro que as reformas ultraliberais só passam anistiando deputados ou em regime de exceção. Um estado de exceção enfrentará forte oposição. Vc imagina um “salvador da pátria” enfiando essas reformas goela abaixo da população reformas via medidas provisórias? Hoje, só o povo da lava a jato poderia se arriscar nesse papel. E olhe lá. Mas sua contrapartida seria um processo judicial permanente no país e o distanciamento de qualquer de qualquer solução política, em particular eleições. É talvez um preço que o empresariado se dispõe a pagar. Cada vez mais gente, não.
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