sábado, 20 de maio de 2017

Mauro Santayana: o alvo final ainda é tirar Lula do jogo

"Aqueles que estão soltando foguetes que nos desculpem, mas não nos colocamos entre os que comemoram, efusivamente, as últimas notícias"

Lula: eleições em 2018 permitiriam que ex-presidente refizesse relação com a opinião pública

O jornalista Mauro Santayana escreve artigo em que analisa a crise que se instalou no país com as denúncias contra o presidente Michel Temer. Leia abaixo a íntegra do artigo:


Moralmente e por uma questão de princípios, em defesa da democracia, quem está contra os casuísmos e arbitrariedades jurídico-investigativas da Operação Lava Jato no caso de Lula, tem que se manter contra eles também quando atingem o campo adversário.



Até mesmo porque partem, e fazem parte da estratégia, de quem tem apenas um interesse: o seu próprio lado.



Não vemos como solução para o país um impeachment de Temer, a ser conduzido pela figura nefasta da Janaína Paschoal, que já defende essa hipótese para aparecer nos jornais, nem a convocação de eleições indiretas para a Presidência da República para as quais a mídia já especula, significativamente, citando o nome de Sérgio Moro, se "magistrado poderá ser candidato".



Isso, em um processo a ser conduzido por um congresso majoritariamente golpista, em grande parte também investigado por uma operação cuja autoridade máxima é o próprio "chefe" da República de Curitiba.



A ideia de uma nova campanha pelas Diretas Já é correta, do ponto de vista da lógica democrática.



Mas se formos objetivos e pragmáticos, considerando a atual situação política, retira tempo precioso da oposição, que poderia ser utilizado, caso as eleições se fizessem normalmente em 2018, para que Lula se recuperasse e refizesse - aproveitando a crescente impopularidade do governo Temer e denunciando e esclarecendo as mentiras de que tem sido alvo - sua relação com a opinião pública e seu caminho para a Presidência da República.



Uma eleição agora, mesmo que direta, pode jogar o poder no colo de Jair Bolsonaro, apoiado pela sensação de caos institucional, pela condição de não estar sendo processado pela Lava Jato, e, caso chegue ao segundo turno, como as pesquisas indicam, por uma aliança que abrangeria da extrema-direita a setores mais oportunistas do próprio PMDB e do PSDB, passando pelo "centro" fisiológico dos partidos nanicos conservadores, unida pelo objetivo comum de evitar, a qualquer custo, que o PT e sua "jararaca" voltem à Presidência da República.



Finalmente, a leitura mais correta é de que os principais alvos das mais recentes manobras da "justiça" não sejam nem Temer nem Aécio, por mais implacáveis que sejam, contra ele, os juízes e procuradores.



As acusações contra os dois foram forjadas - já que se tratam claramente de arapucas propositadamente montadas - como forma de abrir caminho, definitivamente, para a condenação de Lula.



A percepção da população de que a Justiça e o Ministério Público estavam sendo totalmente seletivos e parciais no trato dos gregos com relação aos troianos vinha crescendo a olhos vistos nas últimas semanas, e aumentava, na mesma proporção, a popularidade e as intenções de voto do ex-presidente da República, especialmente depois de seu depoimento em Curitiba e da absurda proibição de funcionamento do seu instituto.



Com as acusações contra Temer e Aécio, o antipetismo entrega duas torres para capturar e eliminar o Rei que odeia e persegue, sem êxito, há tanto tempo.



A partir de agora, ninguém pode mais dizer que a Operação Lava Jato só atinge o PT, enquanto afaga seus adversários.



E Lula poderá então, ser condenado "exemplarmente" por Moro, aproveitando-se o caos político que tomará conta do país nas próximas semanas, sendo definitivamente impedido de voltar por via eleitoral ao Palácio do Planalto, tanto agora, em eventuais "Diretas Já", como em 2018.





Redebrasil atual

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