Maria Victoria Benevides pede combate à 'brutal desigualdade' em São Paulo
Professora da USP espera 'aggiornamento radical' no PSDB
Vitor Nuzzi
São Paulo – A professora Maria Victoria Benevides, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), conheceu tanto Fernando Haddad como José Serra no meio universitário. Assim, sua escolha pelo candidato do PT e agora prefeito eleito é sustentada em “grande conhecimento”, como ela diz. Para ela, a vitória de Haddad representa “um avanço no sentido de diminuir as desigualdades brutais em relação a acesso e à fruição dos direitos essenciais de todos”. Ao PSDB, Maria Victoria vê a necessidade de um “aggiornamento (atualização) radical”.
São Paulo – A professora Maria Victoria Benevides, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), conheceu tanto Fernando Haddad como José Serra no meio universitário. Assim, sua escolha pelo candidato do PT e agora prefeito eleito é sustentada em “grande conhecimento”, como ela diz. Para ela, a vitória de Haddad representa “um avanço no sentido de diminuir as desigualdades brutais em relação a acesso e à fruição dos direitos essenciais de todos”. Ao PSDB, Maria Victoria vê a necessidade de um “aggiornamento (atualização) radical”.
“Estou convencida de que a brutal desigualdade que existe em São Paulo está na raiz dos problemas urbanos e sociais que todos reclamam, mas que têm enorme dificuldade de enfrentar”, afirma a socióloga. “Confio inteiramente no compromisso do novo prefeito”, acrescenta, cobrando participação da população no enfrentamento dessas questões. “Se a sociedade não estiver convicta de que tem de fazer sua parte, não adianta reclamar que o trânsito é um inferno, que não dá para sair de casa. Há um pecado original da sociedade, que convive com a desigualdade como se fosse algo da natureza da mão divina.” Isso também passa pela questão dos impostos, por exemplo. “Todos nós sabemos que o pobre paga relativamente mais em relação ao que ganha.”
Como segundo desafio da gestão que se iniciará em 1º de janeiro de 2013, ela considera “importantíssimo que sejam retomados e melhor organizados os vários conselhos de fiscalização e acompanhamento de serviços públicos”, que aumentam as possibilidades de participação no poder. “Nós não vivemos no Brasil, não vivemos sequer no estado de São Paulo, vivemos no município, onde pagamos impostos, levamos nossos filhos à escola, usamos transporte.”
Para a professora, Haddad obteve uma vitória excepcional, considerando que partiu de 3% nas pesquisas e que disputava contra um “supercandidato”, ex-prefeito, ex-governador, duas vezes candidato à presidência da República e que tinha “toda a grande imprensa do seu lado”. Serra, por sua vez, carregou o peso de sua própria rejeição e a do prefeito Gilberto Kassab (PSD), enquanto o candidato do PT tinha a seu favor as avaliações positivas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da atual presidenta, Dilma Rousseff. Ela também criticou “uma campanha sórdida” na tentativa de associar Haddad ao processo do chamado mensalão. “O Fernando tem vida pública absolutamente ilibada. Isso mostra que o eleitor está se informando mais e sabendo separar as coisas.”
Mesmo assim, ela vê algum impacto do julgamento no alto número de abstenções. “Vinte por cento é muita coisa”, afirma, acrescentando nessa conta parte dos votos dados no primeiro turno a Celso Russomanno (PRB) e Gabriel Chalita (PMDB).
Maria Victoria considera “muito difícil” o futuro eleitoral de Serra, que tem pela frente nomes emergentes como os de Aécio Neves, de seu próprio partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o prefeito reeleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). “Não acredito que sequer ele pense nessa possibilidade (voltar a disputar a presidência)”, avalia, citando a necessidade do aggiornamento. “Todos eles (líderes tucanos) estão muito decepcionados.”
Sobre um possível fortalecimento do PT para tentar chegar pela primeira vez ao Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista), a professora vê alguns riscos, de ambos os lados. “Mesmo nesta campanha, acompanhei no meio universitário pessoas que se identificam com a esquerda vendo um 'perigo para a democracia' que o PT ficasse muito forte, tendo a presidência da República e a prefeitura de maior orçamento do país. Esse argumento é ridículo? E no tempo de Fernando Henrique? Esse argumento nunca foi usado para defender a democracia. Acho absurdo sob qualquer ponto de vista, a começar do político.”
Na outra ponta, Maria Victoria teme uma disputa prematura dentro do próprio PT, por cargos na futura gestão Haddad e também com vistas à eleição para o governo do estado. “Fico sempre muito impressionada com a fragilidade humana na fogueira das vaidades. Confio no espírito público e na disciplina partidária.”
Brasil Atual
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