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Decisão de Paes é 'higienista', afirma psicóloga
Policiais militares e agentes da Secretaria Municipal de Assistência Social recolheram 63 usuários de crack na manhã desta quarta-feira num terreno isolado por tapumes de obras da Transcarioca (corredor expresso de ônibus), na área central da avenida Brasil, uma das vias expressas mais movimentadas da cidade.
Segundo a PM, os usuários haviam formado uma cracolândia no local. Em meio a lixo e acampamentos de papelão, eles permaneciam ali desde a ocupação policial nas favelas do Jacarezinho e Manguinhos, na zona norte.
Houve correria. Algumas pessoas pularam os tapumes de quase dois metros na tentativa de fugir dos agentes. Não houve prisões.
O local fica em frente ao conjunto de favelas da Maré, área que ainda não foi pacificada. Assim, os usuários compravam com facilidade a droga.
Os usuários de crack adultos foram levados para a Unidade de Reinserção de Paciência (zona oeste) e os adolescentes foram para a Central de Recepção Carioca, no centro.
No início da operação a polícia retirou os tapumes da obra para a entrada dos agentes da prefeitura. A PM não confirma, porém, se o local vai permanecer sem o cercado para evitar que os usuários retornem.
A ação acontece na semana em que a Prefeitura do Rio discute a possibilidade de internação compulsória de usuários de crack na cidade.
Folha
Decisão de Paes é 'higienista', afirma psicóloga
Para a presidente do Conselho Regional de Psicologia no Rio, Vivian Fraga, a decisão de internar compulsoriamente usuários de crack tem caráter "higienista".
Ontem, o prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB) anunciou que vai internar compulsoriamente adultos dependentes de crack. Segundo ele, serão criadas de 600 a 700 vagas para atender os dependentes do crack no Rio de Janeiro.
A decisão é adequada?
É uma decisão política, não técnica. Há mais de um ano que estão internando crianças e adolescentes e a secretaria de Assistência Social não tem dados sobre a efetividade disso. Muitos saem dos abrigos e continuam usando drogas.
Por quê? Quais os problemas da política atual?
Desde 2011 temos feito fiscalizações nos abrigos e o que vimos é que não atendem o que a política pública preconiza. Eles têm uma lógica higienista. Pegam a pessoa em Manguinhos [zona norte] e colocam lá em Santa Cruz [zona oeste].
Isso afasta o convívio da família, que é importante. E é uma lógica medicamentosa. Não é feito nenhum trabalho para mudar a relação da pessoa com a droga.
Como tratar, então?
A gente propõe que a porta de entrada sejam os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), e que, nos momentos de crise, a pessoa seja internada num hospital até se estabilizar. A ideia é que seja tratado por um profissional no seu território.
Folha de São Paulo
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