quinta-feira, 15 de março de 2012

PT: Ascensão de Chinaglia enfraquece grupo lulista


Ascensão de Chinaglia consolida enfraquecimento de grupo lulista

Chinaglia com Vaccarezza: escolha do novo líder é vista como um freio ao PMDB

A destituição do líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e nomeação em seu lugar do deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), consolida o enfraquecimento do grupo da bancada mais próximo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e a ascensão de um novo grupo petista no poder da Casa, que ameaça a aliança com o PMDB. 




Logo após o anúncio oficial da troca do líder, petistas e pemedebistas fizeram uma força-tarefa para garantir publicamente que o acordo de revezamento na presidência está mantido. Sob reserva, porém, a avaliação era diferente: não se pode antecipar uma eleição que ocorrerá apenas em fevereiro de 2013.

A nomeação de Chinaglia é considerada um freio às pretensões do PMDB de tomar conta da agenda legislativa da Câmara dos Deputados em um momento em que há muita polêmica sobre duas das principais votações na Câmara neste ano: o Código Florestal e o projeto de lei que redistribui os royalties do petróleo. Em ambas, o líder do PMDB e candidato à sucessão de Marco Maia (PT-RS), Henrique Eduardo Alves (RN), tem papel de destaque e forte influência no plenário sobre os rumos a serem tomados.

Para o Código, ele manifestou na semana passada ao vice-presidente da República, Michel Temer, que não seria possível "segurar a base" e que a anistia a desmatadores ilegais, ao contrário do que pretende Dilma, seria retomada seja no relatório do correligionário Paulo Piau (MG), seja via uma emenda suprapartidária subscrita por PMDB, PSD, PR, PP, PTB, DEM e PSDB. Nos royalties, foi Alves quem liderou a derrota do relatório apoiado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Vaccarezza vinha apoiando o acordo com o PMDB. A decisão da presidente de nomear Chinaglia estava vinculada também ao receio de que o PMDB ficasse com a presidência das duas Casas.

Pelo menos no que se refere à Câmara, foi uma jogada de risco, conforme avaliam deputados. Chinaglia é considerado duro para negociar com quem quer que seja e sua passagem pela presidência da Câmara entre 2007 e 2008 deixou uma leva de desafetos, principalmente no chamado baixo clero, determinante em qualquer votação e eleição interna.

O que torna arriscada a hipótese de rompimento do acordo. Sem o apoio do PMDB, uma candidatura petista é igualmente inviável, pode configurar uma derrota ao governo e abre espaço para candidatos mais desalinhados com o Planalto. Roteiro parecido ao que elegeu Severino Cavalcanti (PP-PE) em 2005.

Dilma, contudo, aproveitou a derrota na semana passada no Senado, na recondução de Bernardo Figueiredo para diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para impor sua marca e colocar seus escolhidos na articulação direta com os parlamentares. Desvencilhou-se, assim, de nomes que foram próximos a Lula no Legislativo durante o mandato do ex-presidente. Também enfraqueceu a corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB).

Agora, os principais cargos estão com outros grupos e os dissidentes da CNB. O maior expoente dessa corrente, João Paulo Cunha (SP), primeiro presidente da Câmara da era Lula, está fora da articulação política da Casa e trabalha mais pela sua candidatura a prefeito de Osasco. Chinaglia é do Movimento PT, foi presidente da Câmara contra a vontade de Lula e substitui Vaccarezza, da CNB e último líder do governo dessa corrente. O líder da bancada, Jilmar Tatto, é da PT de Lutas e Massas e desbancou José Guimarães (CE) no embate em fevereiro. Ricardo Berzoini (SP) foi eleito presidente da Comissão de Constituição e Justiça, é um dissidente da CNB.

Assim como o presidente da Câmara, Marco Maia (RS), outro dissidente da CNB que em dezembro de 2010 venceu Vaccarezza no duelo pela indicação do partido ao presidente da Câmara.

Valor Econômico

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