Pedro Abramovay
No mais perigoso de seus movimentos, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu processo para aplicar uma punição política em quatro juízes (André Luiz Nicolitt, Cristiana de Faria Cordeiro, Rubens Casara e Simone Nacif Lopes) por terem participado de manifestação contra o impeachment.
Uma das coisas das quais eu me orgulho de ter feito parte é do processo que criou o CNJ.
O CNJ aumentou a transparência sobre a justiça, começou a criar uma cultura de gestão para o judiciário e foi responsável por algumas decisões moralizadoras importantes.
Mas, confesso, nada disso terá valido a pena se o CNJ resolver punir juízes por se manifestar publicamente contra o que avaliavam ser um atentado contra a democracia.
A punição é particularmente grave dado que muitos juízes se manifestaram a favor do impeachment e não sofreram punição por isso.
O próprio corregedor do CNJ, ministro João Otavio Noronha- - que está impulsionado o processo para as punições- se manifestou nas redes sociais a favor das manifestações pro-impeachment e contra as manifestações anti-impeachment.
Neste contexto, a punição a esses juízes seria pura e simplesmente perseguição política. Perseguição política a juízes é uma violência brutal contra as instituições republicanas do país.
Espero que o CNJ perceba a gravidade do que isto representa e não desmoralize, com essas punições, todo o trabalho feito desde sua criação até hoje.
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