Miguel do Rosário
Esse artigo de Quaquá* deve ter irritado alguns desavisados, que só leram o título. Então vai um spoiler, para quebrar o gelo e fazer o leitor se aproximar de um texto deveras interessante para se analisar a conjuntura nacional: o tal partido “lulista, burguês e reformista” não seria o PT, e sim um outro partido, novo ou velho, de orientação ideológica centrista, que serviria para atrair setores da burguesia insatisfeitos com o atual rumo do governo Temer, e saudosos do pacto social inaugurado por Lula, que fez todos ganharem.
É um artigo, porém, com críticas duras ao esvaziamento político promovido pelos governos petistas, que esqueceram uma lição básica da política, e fizeram a “conciliação de classe” sem cuidar da “construção de retaguardas”.
Quaquá observa que o problema dos governos petistas não foi a aliança com o centro, necessária para governar. Os erros, porém, foram muitos.
O artigo ajuda o PT a abrir bem os olhos e a fugir de uma armadilha: desde o golpe, ou mesmo desde um pouco antes, a direita tenta empurrar a esquerda para um refúgio seguro nas extremidades da luta política, um refúgio no radicalismo ideológico, tornando-se, por fim, uma esquerda purista e inofensiva. Uma esquerda, enfim, que reconquiste os votos de setores idealistas e utópicos da classe média, mas que jamais volte a disputar o poder com chances de vitória, porque afastada desse enorme centrão eleitoral brasileiro, caracterizado pela objetividade, pelo pragmatismo e pela busca incessante do diálogo entre capital e trabalho.
Alguns trechos:
(…) nosso erro não foi ampliar alianças. Nosso erro foi não ter organizado o povo para sustentar reformas mais potentes e impedir a sanha golpista de sempre da burguesia. Nosso erro foi não ter fortalecido o núcleo central de esquerda do governo, achando que as alianças eleitorais e congressistas eram suficientes…
(…) não se ganha eleição e não se governa sem conseguir deslocar uma parte da elite política e econômica. Não estamos brincando de disputar eleição. Não estamos marcando posição ideológica. Estamos disputando uma eleição para decidir os destinos do povo brasileiro e da nação. Precisamos ganhar e governar para fazer outra política de distribuição de renda e de afirmação da soberania nacional. Para reconstruir a trajetória democrática e popular. Não se trata de luta do bem contra o mal. O jogo da vida não é simples assim, como um desenho de super herói…
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*Por um partido lulista, burguês e reformista!
Ocafezinho
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