sexta-feira, 13 de maio de 2016

O Dezoito Brumário do PMDB Temerário


Michel Zaidan 

 A expressão "Dezoito Brumário", na ciência política e na História, designa o golpe de Estado realizado pelo sobrinho de Napoleão Bonaparte, depois de eleito presidente da República, em meio ao uma crise de hegemonia e com o apoio de uma classe amedrontada e órfã de representação política. O modelo, também chamado de "bonapartismo" vem se aplicando à política brasileira, desde pelo menos a Revolução de 30. Quando se trata de uma coalização centralizadora e progressista, chama-se "bonapartismo de esquerda". Quando se trata de uma coalização fisiológica e reacionária, chamamos de" Bonapartismo" de direita.

Assistimos a mais uma reedição de um golpe bonapartista de direita no Brasil, com todos os ingredientes que celebrizaram esse modelo de intervenção política. Temos uma classe média ensandecida e mixofóbica, sobretudo em relação aos beneficiados pelas políticas redistributivas do governo petista: uma grave crise política (exacerbada e produzida pelos meios de comunicação de massa), uma crise econômica (que não é só doméstica) aprofundada intencionalmente pelos políticos da oposição no Congresso, um judiciário acovardado, e um aventureiro e conspirador, que se submetesse ao voto popular, teria menos de 3% das intenções de voto.

Esse é o diagnóstico da crise que está longe, muito longe, de ser resolvida com a estultícia dos golpistas, aventureiros e interesseiros de todos os matizes. Olhando bem, não há absolutamente nada que tranquilize o eleitor ou cidadão que se engajou nessa aventura golpista. Mas ele vai descobrir rapidamente que foi usado como massa de manobra para a viabilização de outros interesses alheios aos seus e ao país.

Primeiro, a súcia ou malta de subpartidos e subpolíticos que se uniram para votar contra a Presidente da República. Como sanguessugas, vão atacar o marionete vaidoso, atrás de seu pagamento, que vai se traduzir num dos piores ministérios que já se viu. Notáveis? – Coisa nenhuma.



Políticos de aldeia, da província, das igrejas, das corporações econômicas, dos lobbies mais variados, cada um disputando o naco ou pedaço do governo. Um pastor no Ministério de Ciência e Tecnologia; um rebento da oligarquia de cara de espinhas no Ministério da Educação: um político tucano exilado num Ministério (esvaziado) das relações exteriores: um matador no Ministério da Justiça, um político de biografia impoluta lá do Norte no Ministério do Planejamento: talvez Ronaldo Caiado no da Agricultura e por aí vai...

Difícil será conciliar o apetite desses abutres com a agenda ultraliberal da FIESP e dos agentes financeiros e econômicos que ajudaram a financiar a campanha impeditória. Imagine-se um governo (provisório), sem legitimidade, sem popularidade, totalmente refém do fisiologismo e sob pressão da plutocracia interna e externa ao país. Some-se a isso, os processos pendentes sobre a figura do impostor. Se esse governo durar, será pior – muito pior – do que o governo Sarney.



Brasil 247 


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