Jaldes Meneses
Quanto mal-gosto estético, quanta boçalidade, quanta ignorância, quanta decadência!
Os jornais de hoje narram os lances de um encontro ontem na CNI (Confederação Nacional da Indústria, conhecido lobbie de empresários falidos ou um terreiro de remanescentes de Brás Cubas) com vários presidenciáveis. Compareceram Ciro, Bolsonaro, Alckmin, Meirelles e Marina. A soma de todos os pré-candidatos presentes não iguala os índices de popularidade de Lula, o “não-convidado" ao encontro, nas pesquisas de opinião.
O convescote oscilou entre o patético e o deprimente. Alckmin defendeu uma reforma tributária de subtaxação do capital, à lá Trump. Bolsonaro incitou os espíritos zoológicos com piadinhas contra o “politicamente correto”. Fez o papel de palhaço e parece que ganhou as setes moedas do aplauso. Ciro foi vaiado porque insinuou revogar a reforma trabalhista. Marx escreveu a Miséria da Filosofia. Precisamos de um escritor para reabilitar a “pena da galhofa” e escrever a “Burguesia da Miséria”.
Um pouco de teoria política pode ajudar. A combinação de financeirização e desindustrialização praticamente liquidou qualquer veleidade de frente política de coabitação minimamente instável da “burguesia interna” com os trabalhadores assalariados e os pobres no Brasil, para falar no jargão dos poulantzianos brasileiros.
Outra ilusão perdida é aquela de interpelação de uma aliança de classes pela via da ativação do consumo, no modelo clássico do bem intencionado discurso lulista. A questão histórica é que a burguesia brasileira surfa as ondas de consumo numa boa, a exemplo daquela permitida recentemente pelo boom das commodities. No entanto, seu estado de espírito permanente está antes preparado para a guerra que a dialética contraditória dos acordos políticos. Visa mais o rebaixamento do valor e a superexploração da força de trabalho que uma idílica afluência da cidadania social através do “ganha-ganha”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário