Valerio Arcary
A elaboração de um programa eleitoral deve estar contextualizada por uma análise de quais são os problemas mais graves que afetam os trabalhadores e o povo. Mas está condicionada por uma análise da conjuntura política. As condições impostas pela conjuntura adversa contam. Senão, o programa eleitoral seria, essencialmente, sempre o mesmo, não importando se as eleições vão ocorrer em 1998, 2028, ou em 2018.
Somos socialistas, e devemos defender a necessidade do socialismo nas eleições. Seria, politicamente, desonesto e, de resto, absurdo, esconder nossa identidade programática, nosso projeto histórico. Mas a defesa do socialismo ou da revolução não é, em si e só por si, um programa eleitoral. Não podemos concorrer no Brasil com o programa da Comuna de Paris de 1871. Nosso programa eleitoral deve reconhecer as condições em que a disputa se realiza. Estas condições são, fundamentalmente, duas: depois do golpe parlamentar-institucional de 2016, e na sequência de treze anos de governos de conciliação sob a liderança do PT. Diminuir o impacto das terríveis sequelas originadas pelo golpe nos deixaria separados da experiência prática de dezenas de milhões que estão vendo suas vidas piorarem dia a dia dese o impeachment de Dilma Rousseff. Desconhecer o balanço dos treze anos de governos liderados pelo PT nos deslegitimaria como uma nova alternativa de esquerda.
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