Precisamos entender a mentalidade de um reacionário. Um reacionário é alguém que está convencido que as pessoas são, naturalmente, desiguais. Portanto a igualdade social seria impossível. Pior, seria disfuncional. Seria uma distopia monstruosa. Sendo alguns mais corajosos, inteligentes e até generosos do que outros, a luta contra a desigualdade social premiaria a mediocridade, sacrificaria o talento, estimularia a preguiça. O socialismo seria a tirania da chatice, da caretice, do tédio, e no limite a destruição da liberdade.
Para um reacionário, liberdade e igualdade são valores incompatíveis. Ou uma, ou outra. Porque o direito à liberdade seria o direito a lutar pelo enriquecimento, a propriedade privada, a herança. E a luta pela igualdade social seria contraditória com a busca da felicidade pessoal. Ser de esquerda não é defender que as pessoas têm capacidades iguais. Felizmente, não têm, e o que prevalece na condição humana é a diversidade. O que fundamenta uma visão de esquerda é a defesa de que as necessidades humanas mais intensas são iguais. Ser de esquerda significa defender que todas as pessoas devem ter direitos e deveres iguais. Portanto, para a esquerda igualdade e liberdade são valores indivisíveis. Não pode haver liberdade entre desiguais. Poder e dinheiro é que são indivisíveis. Quando alguns poucos, ou 1%, controlam a riqueza controlam, também, o poder. Tanta riqueza nas mãos de tão poucos não se explica pelo merecimento, aptidão, valor ou mérito, mas pela exploração da maioria. A desigualdade social não é o motor de progresso, de inovação, de prosperidade. A competição desumana, a insegurança generalizada, a injustiça absurda ameaçam a vida civilizada e são as sementes da guerra.
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