Publicado originalmente em 1961, Herzog se tornaria, ao longo do meio século que se seguiu, um clássico incontornável da moderna literatura norte-americana, e consolidaria Saul Bellow como um dos grandes escritores de nosso tempo, capaz de captar como nenhum outro as neuroses do homem urbano contemporâneo.
Apresentação
O pensador e professor universitário Moses Herzog é um dos mais complexos e fascinantes personagens de Saul Bellow. Na meia-idade, em crise na profissão, traído pela mulher, que o trocou por seu melhor amigo, ele sente sua sanidade vacilar. “Se estou fora do meu juízo, melhor para mim”, diz ele, na primeira linha do livro.
É um “brincalhão sofredor”, como diz o crítico e escritor Malcolm Bradbury. Um homem que faz do sofrimento uma arte, quando não uma estranha forma de diversão.
Às voltas com uma fogosa nova namorada, com a tentativa inglória de conquistar a guarda da filha pequena e com um livro de filosofia que nunca termina, Herzog escreve cartas (jamais enviadas) a parentes, amigos, inimigos e grandes personalidades vivas ou mortas, como o presidente Dwight Eisenhower e o filósofo Friedrich Nietzsche.
A narrativa multifacetada de Saul Bellow, de construção engenhosa e andamento notavelmente fluente, parece oscilar com a mente do protagonista. Avançando e recuando no tempo, entremeando o relato objetivo da ação às cartas imaginárias de Herzog, passando sem cerimônia da terceira para a primeira pessoa, a prosa do autor ao mesmo tempo envolve, inquieta e diverte.
Publicado originalmente em 1961, Herzog consolidou a posição de Bellow como um dos grandes escritores da América e se tornou, ao longo de meio século, um clássico indiscutível da literatura contemporânea.
Na trajetória tragicômica de seu anti-herói americano estão presentes em alto grau as grandes virtudes do autor: a habilidade em alternar diálogos vívidos e pensamentos sutis, a capacidade de observação das neuroses de nossa época, o humor amargo, a ironia e, mais que tudo, a profunda humanidade.
“[...] este Herzog é a mais grandiosa das criações de Bellow, o Leopold Bloom da literatura americana, com uma única diferença: em Ulisses, a mente enciclopédica do autor se transforma na carne linguística do romance, e Joyce jamais confere a Bloom sua própria erudição imensa, seu intelecto, a amplitude de sua retórica, enquanto em Herzog Bellow investe seu protagonista de tudo isso, não apenas um estado mental e uma disposição mental, mas também uma mente verdadeira.” - Philip Roth
Ficha Técnica
Título original: HERZOG
Tradução: José Geraldo Couto
Selo: Companhia das Letras
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